O webinar “Rede de pesquisas científicas sobre fogo no Pantanal”, realizado entre os dias 18 e 19 de maio, pelo Observatorio Pantanal, teve como resultado a troca de informações sobre importantes iniciativas que estão sendo realizadas no Bioma e dois produtos em prol da melhoria do manejo integrado do fogo no Pantanal. Participaram do evento instituições de pesquisa, sociedade civil e poder público.
No primeiro dia, o foco das apresentações foram cinco pesquisas que atuam de maneira direta ou indireta com a temática do fogo. Com os dados apresentados, foi possível identificar como estão sendo desenvolvidos os projetos, a atuação de cada um e quais as articulações realizadas e, ainda, aquelas que devem ser construídas para atingir os objetivos propostos.
Os Comitês do Fogo de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso foram tema do segundo dia do evento. De maneira didática e informativa, os palestrantes convidados explicaram como as ações para atuação foram identificadas e como estão sendo executadas.
Alexandre Pereira, do Prevfogo/Ibama, moderador do webinar, explica que este foi o primeiro evento realizado com o intuito de agregar as diversas redes de pesquisas científicas das Instituições de Ensino e Pesquisa existentes no Brasil que estão realizando estudos no Pantanal. “A integração das instituições resultará em mais informações de qualidade para sociedade e para os tomadores de decisão. Dessa maneira, as decisões serão mais precisas, com mais acertos e aí podemos começar a trabalhar com estratégias mais assertivas em relação ao uso do fogo e conservação da biodiversidade. Sempre tentando agregar os aspectos sociais, culturais, econômicos das pessoas que vivem e que dependem do Pantanal”, comenta Alexandre.
O evento apresentou também dois produtos que devem colaborar com as informações de qualidade sobre o fogo no Pantanal. Um deles é o Mapeamento preliminar das brigadas no Pantanal – a princípio no Brasil, mas já está sendo feito um esforço coletivo de reunir esses dados também dos países vizinhos Bolívia e Paraguai, devido à ação trinacional do Observatório Pantanal.
Pedro Cristofori, geógrafo e facilitador da Wetlands International Brasil e Mupan, organizações-membro do Observatorio Pantanal, comenta que o mapeamento surgiu da necessidade do Coletivo em entender como estão distribuídas as brigadas no bioma para colaborar com os trabalhos de manejo do fogo no Pantanal. Este produto resultou de um esforço em conjunto das instituições da Rede para levantar as informações sobre a localização das brigadas, o nível de treinamento, a quantidade de brigadistas, equipamentos e abrangência da atuação.
“A ideia do mapa é espacializar e identificar a capacidade das brigadas que existem na Bacia do Alto Paraguai (Bolívia, Paraguai e Brasil) para que as instituições e órgãos competentes possam enxergar de maneira clara e objetiva onde é necessário incidir para que a tragédia de 2020 não ocorra novamente”, explica Pedro.
Outro produto apresentado foi o Alarmes (Alerta de Área queimada com Monitoramento Estimado por Satélite), da LASA/UFRJ. Renata Libonati, professora da UFRJ e coordenadora do LASA (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais), ressalta que o sistema se diferencia dos demais, porque traz informações sobre a extensão das áreas queimadas. Hoje o sistema atende o Pantanal, o Cerrado e Roraima está na fase de protótipo.
“O sistema surgiu da necessidade de nós termos alertas rápidos de queimadas, porque até então o que nós tínhamos no Brasil era alerta de focos de calor. O sistema atende, quase em tempo real, o que isso significa, a área que queimou ontem, nós damos a informação hoje. Nós conseguimos apresentar em um curto período a informação da localização e a extensão da área queimada”, explica Renata.
O encontro foi finalizado e os participantes tiveram a sensação de que cumpriu seu papel de ser um espaço de diálogo entre pesquisadores e tomadores de decisão para entender as contribuições trazidas pela Rede para a tomada de decisão estratégica do manejo do fogo no bioma. “Como moderador, foi uma ação extremamente positiva que abre para nós um leque gigantesco de oportunidades tanto de aprimoramento, quanto de sinergias entre as redes de pesquisas e também de buscas de financiamento e aprimoramento de todas as estratégias de conservação para o bioma Pantanal”, finaliza Alexandre Pereira.