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2023 – um importante ano para conservação do Pantanal

Confira as conquistas de nossos membros no ano que está terminando.

Educação ambiental, restauração de áreas degradadas, formação e capacitação de brigadas comunitárias, divulgação de informações técnicas, incidência nas políticas públicas, inserção do Pantanal no mercado do crédito de carbono, criação e fortalecimento das áreas protegidas e o início de um projeto trinacional para o Pantanal são alguns dos principais resultados alcançados em 2023 pelos nossos membros.

É impossível relatar todas as conquistas alcançadas pelos nossos membros. Mas nosso objetivo, com esse texto, foi apenas de demonstrar que este ano foi positivo para a conservação do Pantanal. Em dezembro de 2023, perguntamos aos nossos membros quais eram as expectativas para o novo ano e todos estavam muito otimistas, principalmente, as organizações brasileiras.

Hoje, conseguimos fazer uma breve comparação e percebemos que tivemos grandes desafios e momentos tensos, como os incêndios de novembro, e propostas de leis que colocam em risco o ambiente e as populações pantaneiras. Mas também temos muitos motivos para comemorar, Mato Grosso do Sul inicia 2024 com uma lei específica para o bioma, diversas publicações técnicas foram produzidas para auxiliar o poder público nas tomadas de decisões e o governo federal voltou a olhar para o bioma, continuaremos cobrando a criação de uma Lei Federal para o Pantanal.

O ano de 2023 nos mostrou, com certeza, que juntos somos mais fortes e alcançamos mais êxito em nossos objetivos. Agradecemos a confiança e o trabalho em rede. Confira alguns dos resultados das nossas organizações membros e que em 2024 possamos conquistar muito mais!

Um ano de bons resultados

“Além do trabalho de conservação do tatu-canastra que realizamos no Pantanal desde 2010, acredito que uma das conquistas mais significativas para o ICAS – Instituto de Conservação de Animais Silvestres, neste ano de 2023, foi que tivemos uma participação ainda maior das fazendas da Nhecolândia na Brigada Comunitária, totalizando uma coalizão formada por 22 propriedades rurais que protege uma área de 1.600 quilômetros. Essa é uma iniciativa que nós, juntamente com o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e a Fazenda Baía das Pedras, idealizamos após os grandes incêndios que ocorreram na região em 2020. Outro resultado importante que contribui com a conservação do Pantanal é o trabalho que realizamos em 2023 de divulgação e promoção de políticas públicas sobre as colisões veiculares com animais silvestres nas rodovias de Mato Grosso do Sul. Nossos estudos apontaram um problema grave, que cresce a cada dia, e coloca em risco a vida de todos, dos animais e apresentamos ao poder público medidas de mitigação e vamos continuar dialogando e cobrando a implementação”.

Arnaud Desbiez, presidente e fundador do ICAS.  

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“Em 2023 o Instituto Centro de Vida (ICV) manteve o monitoramento, em tempo quase real, dos incêndios, que infelizmente voltaram a afetar o nosso Pantanal mais uma vez. Com uso de dados de áreas queimadas providos pela NASA e imagens de satélite diárias, colaboramos com a divulgação a todos da sociedade sobre os impactos dos incêndios, especialmente na região do Parque Estadual Encontro das Águas e Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense.”

Vinícius Silgueiro – Coordenador de Inteligência Territorial do Instituto Centro de Vida (ICV)

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“Nossa maior conquista em relação à conservação do Pantanal, este ano, foi o fortalecimento institucional. Finalizamos três projetos muito importantes: o Crochetando o Futuro, um projeto de valorização da fauna local, protagonismo feminino e responsabilidade socioambiental; o projeto de formação de professores da rede pública para a educação para a conservação do Pantanal e a produção de material didático que será distribuído gratuitamente para escolas públicas e rurais do território.

Estes projetos visam a conservação do nosso bioma de uma das formas que mais acreditamos ser eficiente: a educação e fortalecimento social! E já tem muito mais novidades para o próximo ano!”

Daniella França, Chalana Esperança

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“Em 2023 a Fundação Neotrópica do Brasil realizou ações de educação ambiental através do projeto Fauna Viva. Foram realizadas atividades nas escolas dos municípios de Porto Murtinho, Miranda e Corumbá, alcançamos mais de 4000 crianças da rede de ensino.

Sobre as ações voltadas à recuperação de áreas degradadas, plantamos mais de 15 mil árvores nativas, sendo essas apenas uma parte do Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas na Reserva Biológica Marechal Cândido Mariano Rondon, realizada no município de Miranda. O projeto possibilitou a recuperação de 57 hectares no Pantanal, com o plantio de mais de 26 mil mudas consorciadas a outras técnicas de restauração como, por exemplo, a condução da regeneração natural e muvuca de sementes.

Mais de 200 pessoas das aldeias da região participaram das oficinas de coleta de sementes e produção de mudas. E foi criada uma brigada comunitária para combater os incêndios florestais na Reserva Biológica e em seu entorno.”

Fernando de Almeida Louveira, gestor ambiental, Fundação Neotrópica do Brasil

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“Em julho de 2023, Motacusito se tornou o epicentro da conservação no Pantanal boliviano, graças a um corajoso grupo de mulheres que lideraram uma iniciativa importante, a declaração da “Área Protegida de Motacusito”.

“Em colaboração com o Centro de Monitoramento de Puerto Suárez, implementado pelo nosso parceiro local SBDA, essas mulheres utilizaram informações técnicas detalhadas, bem como dados hidrológicos essenciais das bacias hidrográficas locais. Com este conhecimento, estas mulheres identificaram e valorizaram áreas cruciais de recarga de água para a região. Fortalecidos por essas informações, eles lideraram a solicitação de declaração de área protegida, destacando a importância da conservação desses ecossistemas-chave para o Pantanal boliviano. O pedido incluía a proposta de declaração de patrimônio natural e a criação de uma área protegida, focada na preservação de áreas de recarga de água e de uma gruta que serve de refúgio a diversas espécies. Além da conservação, a iniciativa também busca impulsionar o ecoturismo local, destacando a ligação entre a proteção ambiental e o bem-estar da comunidade. Esta conquista excepcional reflete a visão e a liderança das mulheres de Motacusito, que se tornaram guardiãs exemplares do Pantanal Boliviano. A sua iniciativa não só protege a rica biodiversidade local, mas também estabelece um precedente inspirador para futuras ações de conservação na região.”

Lila Sainz, coordenadora VAC, WWF Bolivia.

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“Em 2023 não tivemos atividades por parte do Instituto Marcos Daniel no Pantanal por conta de mudanças internas, entretanto os dados que coletamos entre 2020 e 2022 já servem de subsídios para pesquisas nas diversas áreas do conhecimento, alunos de graduação e pós-graduação já estão trabalhando com os dados obtidos e logo teremos as publicações disponíveis”

Fernando Paulino Alvarenga, biólogo, coordenador de campo.

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“O Observatorio Pantanal se manteve animado, em um esforço coletivo e trinacional, em constante reflexão e atenção às transformações que o Pantanal enfrenta. As nossas contribuições – Wetlands International Brasil e Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal, são para a manutenção dessa área úmida única,- com geração e aplicação de conhecimentos e construções de ferramentas, como o lançamento do Sistema de apoio as decisões para o manejo integrado do fogo no Pantanal, o SIFAU; além de um protocolo de melhores práticas de manejo de pastagens nativas, juntamente com o CPP e INAU.”

Rafaela Nicola, diretora executiva da Wetlands International Brasil e diretora técnico-científica da Mupan

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“Estamos contentes de ter contribuído para a restauração e regeneração de áreas afetados por incêndios envolvendo comunidades na conservação inclusiva; e para o fortalecimento de espaços de diálogo e troca de conhecimentos.”

Áurea Garcia, Diretora Geral da Mupan – Mulheres em Ação no Pantanal e coordenadora de Políticas da Wetlands International Brasil.

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“O Instituto Ágwa tem como foco o Pantanal assoreado. A Bacia do Alto Paraguai, seus tributários, Taquari, Cuiabá, São Lourenço e áreas do entorno que sofrem com o impacto da areia na planície. E, nós tentamos divulgar e mostrar para o mundo esse fenômeno, esse desastre que é imenso, e as consequências dele. A nossa contribuição para preservar o Pantanal é mostrar o fenômeno e as alternativas.

De contenção e aproveitamento, ao invés de fragilizar ainda mais a região, é permitir que ela, a partir daí, possa se reerguer, porque a natureza já vem realizando e com brilho. Esse ano de 2023 foi importante, porque nos mostrou a necessidade de melhorar a estruturação interna, para podermos galgar outras posições e alcançar um público ainda maior do que já conseguimos.” 

Nelson Araújo Filho, presidente do Instituto Ágwa

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“Em 2023 tivemos ganhos coletivos e importantes para a construção de uma agenda transformadora no Pantanal. Destacaria a criação do Grupo de Trabalho de Governança hídrica da Bacia do Alto Paraguai, criado e ativo; inicio de atividades para coexistência humano-onças; processos de restauração mapeados e ativos no território das cabeceiras do Pantanal, incluindo iniciativa de PSA; incidência política abrangendo diferentes temáticas de relevância para o bioma; diálogos com governo para avanços legais e o fortalecimento de Áreas Protegidas e nossa participação no 1º Encontro de Secretarias de Meio Ambiente dos municípios de MS com a temática de corredores da biodiversidade como ferramenta de planejamento territorial, bem como no apoio na temática do fogo (ações com parceiros locais no apoio as brigadas e participação no Comitê do Fogo de MS)”.

Cyntia Santos, analista de conservação do WWF-Brasil

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“A principal conquista do Instituto Homem Pantaneiro foi a aprovação do crédito de carbono. Porque ele tem um significado que extrapola a lógica financeira e alcança todo o bioma como uma oportunidade até então desconhecida e ignorada. Então, agora a conservação do Pantanal passa a ter outro patamar, a partir da iniciativa do Instituto de mostrar que o bioma Pantanal é capaz de cumprir um papel global, como o sequestro de carbono e fazer disso também uma receita, a partir de coisas básicas como o desmatamento evitado, a entrada do fogo e a proteção da biodiversidade, sem dúvida é uma conquista histórica”.

Coronel Ângelo Rabelo, presidente do Instituto Homem Pantaneiro

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“É difícil resumir todas as nossas conquistas. Pois, nosso trabalho é extenso e de longo prazo, caracterizado pela insistência e dinamismo diário, bem como pelos desafios que enfrentamos. Mas um marco importante deste ano foi o início de um projeto envolvendo os três governos pantaneiros, tendo o WWF como agência executora. Este projeto, em fase inicial, é o resultado de anos dedicados à consolidação de vontades, à realização de negociações e à formalização de acordos entre governos, inclusive expressos numa declaração conjunta há mais de cinco anos. Respondendo à necessidade identificada pelos governos, o projeto busca implementar a gestão integrada do Pantanal e da bacia do rio Paraguai, abrangendo as regiões vitais para esta grande área úmida (Chaco, Cerrado, Chiquitanía) e até mesmo seus aquíferos. Apesar de estar em fase inicial, já podemos considerar o fato de que o Pantanal está sendo reconhecido pela sua importância hídrica pelos três governos (Paraguai, Bolívia e Brasil) e que conta com o apoio dos três escritórios para isso, que trabalham de forma coordenada na região há uma década.

Outra conquista significativa foi a defesa das áreas públicas protegidas na bacia superior do rio Paraguai. A conservação destas áreas se deu através de diferentes iniciativas. Também destacamos nosso apoio às comunidades indígenas para que suas áreas sejam reconhecidas como áreas certificadas que prestam serviços ambientais. No ano passado conseguimos certificar mais de 100 mil hectares, um passo fundamental que não só fortalece a defesa dos seus territórios, mas também destaca a relevância das suas áreas naturais para o benefício coletivo.”

Karim Musalem, diretor de conservação WWF-Paraguay 

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