Está nas mãos dos deputados de Mato Grosso (MT) liberar ou não a construção de seis barragens de hidrelétricas no rio Cuiabá, entre Cuiabá/Várzea Grande e Rosário Oeste. Especialistas advertem que a instalação de tais empreendimentos pode causar sérios impactos ambientais, sociais e econômicos.
Para evitar que mais esse desastre ocorra, pescadores e organizações da sociedade civil, representadas pelo Observatorio Pantanal, coletivo que reúne 44 organizações no Brasil, Bolívia e Paraguai, convidam a população em geral para estar presente na próxima quarta-feira, dia 24 de agosto, às 9h, na Assembleia Legislativa do Mato Grosso (ALMT), pressionando os deputados para derrubarem o veto!
As pessoas também podem participar desde já, de casa, compartilhando os posts via rede social e enviando e-mails para os deputados exigindo a derrubada do veto. Desta forma, estarão colaborando para a proteção do rio Cuiabá e o Pantanal.
O Projeto de Lei 957/2019, que proíbe a construção de usinas hidrelétricas em toda extensão rio Cuiabá, foi aprovado por unanimidade, em maio deste ano, na Assembleia Legislativa. Porém, a nova lei foi vetada, pelo governador Mauro Mendes, sob a alegação de que a matéria é de competência do Governo Federal. No mesmo mês, mais de 90 entidades assinaram uma carta pedindo a sanção do projeto, apontando efeitos diretos das barragens nos rios formadores do bioma Pantanal.
O rio Cuiabá, uma das principais veias de abastecimento do Pantanal, abastece cerca de 75% da população do estado de Mato Grosso e sua integridade ecológica já está comprometida com empreendimentos na região, por isso é necessário que o veto seja derrubado.
Paula Martins, pesquisadora da ECOA, organização-membro do Observatorio Pantanal, explica que os prejuízos ambientais, sociais e econômicos que as barragens trarão para a população serão irreversíveis e cumulativos. “Caso as represas não sejam barradas, ocorrerá a imensa diminuição da quantidade de peixes no rio Cuiabá, que prejudicará toda a cadeia da pesca, que é crucial no Mato Grosso e, ainda, colocará em risco a segurança alimentar das pessoas”.
Mas os impactos das represas não se limitam ao rio Cuiabá. “Os efeitos danosos afetarão toda planície pantaneira, uma vez que você coloca seis barragens no rio, você represa a água e isso vai causando uma seca na parte de baixo do rio. Por isso, é extremamente importante que não só Mato Grosso, mas também Mato Grosso do Sul se mobilize para impedir esses empreendimentos”, enfatiza a pesquisadora.
O senhor Moacir Campos, presidente da Colônia de Pescadores Z-11 de Poconé, reforça que não só os pescadores profissionais terão prejuízos com a instalação das barragens no rio Cuiabá. Mas todos que moram no Pantanal, todas as famílias ribeirinhas e pantaneiras. “Eu falo da nossa região, Poconé, Porto Cercado, Porto Jofre, teremos danos em geral. Já tivemos no ano passado o problema da seca. Muitos tiveram que fazer poço artesiano, fazer tanque nos campos para salvar o gado e os animais. Os afluentes como o rio Piraim, rio Pixaim, rio Cassange podem até secar se as barragens forem instaladas”, alerta.
Quando – 24 de agosto, 9h
Onde – Assembleia Legislativa de MT