O Pantanal está em chamas novamente! E as organizações que atuam em prol do bioma estão trabalhando dia e noite, junto de bombeiros, brigadistas e moradores para tentar evitar que o pior aconteça.
Enquanto muitos membros estão na linha de frente do combate aos incêndios e retomando atividades de seus projetos ao presencial, o Núcleo Executivo também não para! Desde o mês passado, reuniões estão sendo realizadas para fortalecer a governança, promover uma maior integração entre os membros e encontrar caminhos para a sustentabilidade do Observatorio Pantanal (OP).
Por conta do cenário da pandemia as oficinas estão sendo organizadas online. Os dois primeiros encontros aconteceram nos meses de setembro e outubro e o terceiro está agendado para a primeira quinzena de novembro. As consultoras Marina Franco e Beatriz Vollet, da Lanterna Lab estão apoiando este processo com metodologias e dinâmicas apropriadas para melhorar a gestão do coletivo.
Cyntia Santos, analista do WWF-Brasil, instituição facilitadora do OP, pontua que os encontros são muito importantes “por serem momentos de compartilhamento de ideias e, inclusive, das dificuldades que permitem avaliar a situação atual e planejar as ações para os próximos anos do Coletivo, sempre remetendo às experiências vividas até este momento pelas organizações-membro”, explica.
Os dois últimos anos foram atípicos e, durante o primeiro Encontro Semestral dos Membros, realizado em setembro, alguns pontos comuns foram levantados: o aumento da demanda de trabalho das organizações devido aos cenários de pandemia; a dificuldade de adaptação dos projetos em andamento para o trabalho remoto; a crise hídrica e os grandes incêndios. Todo esse cenário resultou em uma dificuldade no acompanhamento das ações promovidas e realizadas pelo coletivo. No segundo encontro foram definidos planos de ação dos núcleos de trabalho do OP, com priorização de atividades emergenciais, na visão do grupo.
Para WWF-Paraguai, uma das organizações integrantes do Núcleo Executivo, este é o momento para definir metas e ações que atendam a disponibilidade de tempo e as limitações das organizações-membros. “Esperamos construir um planejamento claro, concreto e executável de curto, médio e longo prazo”, explica Patricia Roche, especialista em projetos da instituição.
O trabalho em rede
O coletivo formado por mais de 40 organizações não-governamentais do Brasil, Paraguai e Bolívia, foi oficializado em 2017 com a participação inicial de 18 membros. Desde então, novos integrantes, que compartilham da ideia de que a conservação e o uso sustentável dos recursos do Pantanal deve ser uma preocupação comum à sociedade, governos e iniciativa privada, têm se somado à rede.
Patricia Roche ressalta que para WWF-PY é importante participar do Observatorio Pantanal, porque é uma rede que permite o intercâmbio com outras organizações da sociedade civil que buscam a conservação do Pantanal. Ou seja, é um espaço de interação e benefícios mútuos, porque permite que as pessoas das organizações parceiras compartilhem suas dificuldades e busquem apoio uns dos outros.
Cyntia Santos, do WWF-Brasil, reforça que “a conexão entre as instituições-membro que trabalham com pesquisas tem sido fundamental para aportar informações e ferramentas às organizações que precisam implementar as atividades estabelecidas em seus projetos”.
Para finalizar, Cyntia pontua que o OP é fundamental para a defesa de demandas sobre temas emergenciais para ação e proteção do bioma, como também na atuação em políticas públicas que pedem às autoridades nacionais, estaduais e municipais ações para resolução de ameaças e conflitos. “O Pantanal é rico em recursos naturais e em pessoas que interagem nos ambientes há séculos e dali também retiram seu sustento. Ter um ambiente tão heterogêneo como este resulta em desafios no uso e planejamento de atividades estabelecidas em uma região reconhecida mundialmente como patrimônio da humanidade. A existência do coletivo proporciona o trabalho conjunto do terceiro setor, governos e sociedade, para que cada vez mais ações de preservação e conservação estejam integradas à produção comercial de produtos e serviços de origem”.
As ações do Observatorio Pantanal
Em seus quatro anos de oficialização, várias ações foram realizadas por meio do Observatorio Pantanal, seja no quesito incidência política quanto no apoio às instituições-membro, com treinamentos de aprendizagem em rede, em captação de recursos, entre outras iniciativas.
Durante a tragédia dos incêndios de 2020, o OP articulou e todos os membros se mobilizaram quanto as principais necessidades em relação aos incêndios e se apoiaram para fazer o melhor combate efetivo. O Coletivo também tem acompanhado possíveis ameaças a sustentabilidade do Pantanal e lançado posicionamentos técnicos que alertam sobre os perigos e apontam soluções para o bioma.
Vale destacar o acompanhamento na elaboração da Lei do Pantanal, com a organização de um documento que sintetiza os pontos primordiais para que a região se desenvolva a partir dos princípios de sustentabilidade.
Em 2021, o OP atuou no espaço de diálogo entre pesquisadores e tomadores de decisão com a realização do webinar “Rede de pesquisa científica sobre o fogo”, que aconteceu nos dias 18 e 19 de maio. Nas ações voltadas a prevenção aos incêndios no Pantanal, foi realizado o “Mapeamento das brigadas de prevenção e combate aos incêndios na Bacia do Alto Paraguai” e a produção de spots de rádio , que fazem parte da Campanha “Pequenas Faíscas, Grandes Incêndios”. Além disso, a rede se posicionou de forma oficial em diversos momentos sobre os incêndios no bioma.