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Baías no Pantanal chegaram a perder 59% de sua capacidade hídrica

As baías Chacororé e Sinhá Mariana estão localizadas no município de Barão de Melgaço, no estado de Mato Grosso. Devido a drástica redução do volume de água e por ser um complexo de baías de grande valor ecológico para o Pantanal, o Ministério Público de MT solicitou um estudo para identificar e analisar a origem das alterações causadas ao sistema hídrico das baías.

Com a pesquisa foi identificada que a Baía Chacororé perdeu 59% do volume de água. Segundo a Nota Técnica, em setembro de 2016, a baía apresentava uma área coberta por água de 6,2 mil hectares, enquanto em novembro de 2020 atingiu apenas 2,5 mil hectares. A maior diferença foi identificada de 2019 para 2020.

A Dra. Carolina Joana da Silva, professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT), integrante do Grupo de Pesquisa do Observatorio Pantanal, coordenadora da perícia e organizadora da Nota Técnica, explica que ambas as lagoas são marginais ao rio Cuiabá, reguladas pelo seu pulso de inundação, por meio de várias conexões laterais de aporte de água.

Um fator que contribuiu para diminuição do volume está relacionado a severa seca sofrida pelo Pantanal em 2020 e a outra causa está relacionada com as obras de infraestrutura realizadas em níveis local e regional, como, por exemplo, pavimentação e aterramento da MT 040, construção de drenos, obstrução de corixos, dinâmica de operação do reservatório do Aproveitamento Múltiplo de Manso entre outros.

No lado esquerdo a Baía de Chacororé em uma estiagem “normal”, em 2016 e ao lado direito, em novembro de 2020, numa estiagem prolongada. (Fonte: ICV, 2021)

Impacto Socioambiental

A Baía de Chacororé, terceira maior baía do Pantanal, é um berçário de peixes e um atrativo turístico singular. A diminuição das águas das duas baías afetará diretamente as comunidades. São cerca de 40 comunidades tradicionais na região, das quais pelo menos 10 são influenciadas diretamente pela água da Baía.

A segurança alimentar das famílias e a geração de renda por meio do turismo está diretamente ligada a esse recurso hídrico. Mas sem água, não há peixe. Segundo a pesquisadora, da maneira que a lagoa está hoje, os peixes não entram. “É preciso uma profundidade mínima para eles entrarem na lagoa e esta alteração irá impactar o período de reprodução”.

O estudo

O documento denominado de Nota Técnica: “Análise de alterações hidrológicas das baías de Chacororé e Sinhá Mariana (Pantanal Mato-Grossense) e recomendações para recuperação foi organizada pela professora e pesquisadora Carolina Joana da Silva. Também são autores da Nota a professora dra. Daniela Maiomoni de Figueiredo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e o dr. Marcelo Caetano Vacchiano, promotor de justiça do Ministério Público Estadual de MT.

A Nota Técnica subsidiou a ação do MPE na justiça e a Vara Especializada em Meio Ambiente de Mato Grosso determinou que o Estado de Mato Grosso apresentasse um Plano para resolver as questões relacionadas à redução no volume de água das baías.

No dia 30 de setembro acontecerá mais uma audiência entre as partes envolvidas. Na ocasião serão apresentadas as intervenções que compõe o Plano de curto, médio e longo prazos elaborado pelo Governo do Estado de Mato Grosso. 

O Instituto Centro de Vida, organização-membro do Observatorio Pantanal, colaborou com a pesquisa fazendo as análises das imagens de satélite. E, também é parceiro do projeto de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD), coordenado pela professora Carolina Joana da Silva, que continuará monitorando as baías e pesquisando o Pantanal.

Faça o download da Nota Técnica no botão abaixo

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