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Seca severa e excepcional atingem 30% da população da Bacia do Alto Paraguai

São 3,1 milhões de habitantes afetados nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul pela seca severa e excepcional e não há volume de chuvas significativo para o próximo trimestre. Os dados são do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e foram apresentados durante a 3º Reunião da Sala de Crise do Pantanal, realizada no dia 7 de junho.

De acordo com as informações, a atual estação chuvosa teve o menor índice de precipitação em 10 anos. O mês de maio fechou com 217 municípios afetados pela seca, que se enquadram nas categorias de seca fraca, moderada, severa extrema e excepcional. Dr. Federico Cerutti, do Cemaden, explica que esta situação de seca não é nova, e sim recorrente. “Nos últimos dois anos as chuvas na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai estão abaixo da média o que leva a uma seca pluviométrica para o bioma Pantanal”.

A seca severa no Pantanal é uma preocupação ambiental e social. As comunidades que sobrevivem da pesca artesanal já sentem os primeiros impactos. André Siqueira, diretor-presidente da Ecoa, organização-membro do Observatorio Pantanal, ressalta que o impacto que as comunidades estão sentindo é consequência da seca que está ocorrendo há três anos no bioma.

“A abundância dos peixes no Pantanal é determinante pelos seus processos reprodutivos, que precisam necessariamente ter água. Esses processos foram comprometidos a partir de 2019. O que se tem hoje é uma condição muito difícil de trabalho para isca e para o pescado, principais atividades econômicas para as comunidades. As pessoas estão procurando outras atividades como agricultura, apicultura, construção civil e alguns estão migrando para a cidade. O resultado é uma condição de fome e baixíssima renda provocada pela seca”, relata André.

Em relação a preocupação ambiental, o alerta é para os riscos de incêndios florestais no Pantanal. As organizações que fazem parte da rede estão criando brigadas comunitárias, realizando treinamento, capacitação e doando equipamentos para as já existentes com objetivo de prevenir os incêndios e auxiliar na organização local.

“O trabalho de formação das brigadas comunitárias é o começo de um programa de apoio. Nós vamos monitorar, acompanhar e dar suporte técnico. Esperamos que isso gere um empoderamento das comunidades e que reverbere não apenas no combate aos incêndios florestais, mas também na organização comunitária local para outros temas como segurança hídrica e segurança alimentar”, explica Leonardo Gomes, diretor de relações institucionais do Instituto SOS Pantanal.

O período de estiagem também é a época que o número de desmatamento aumenta no Pantanal. De acordo com o MapBiomas Alerta, o mês de agosto de 2020, foi o mês campeão em alertas emitidos. O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil 2020, lançado em junho, revela que o desmatamento aumentou 43% no Pantanal, deixando o bioma em primeiro lugar da lista.

O desmatamento, as queimadas e o uso intensivo da terra são fatores que contribuem fortemente para o empobrecimento do solo e, caso, não sejam controlados podem chegar a fatores irreversíveis como a desertificação.

Para sensibilizar a população mundial sobre os impactos que a espécie humana vem causando ao planeta e à sua biodiversidade, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação, celebrado hoje, dia 17 de junho. Entretanto, as ameaças ainda são eminentes. Como tem sido visto, no Pantanal as ações humanas aliadas as variações climáticas podem alterar o bioma de maneira definitiva.

O Observatorio Pantanal trabalha, por meio de suas organizações parceiras, para que o bioma continue preservado, mantendo a riqueza natural e os serviços ambientais. E, também para que a população pantaneira possa viver em equilíbrio e com qualidade de vida na maior área úmida continental do planeta.

Foto: Alexis Prappas (@prappas)

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