Juntos eles já somaram 19.284 focos entre 1º de janeiro até o dia 22 de outubro, de acordo com dados do Inpe
Somente quatro, dos 20 municípios que compõem o Pantanal, concentra 92% dos incêndios de todo o bioma. Corumbá em Mato Grosso do Sul e Poconé, Barão do Melgaço e Cáceres, em Mato Grosso, somam juntos 19.284 focos de incêndio de 1° de janeiro até o dia 22 de outubro, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em todo o Pantanal foram 20.955 focos neste período.
No bioma já foram 4,1 milhões de hectares queimados, somando quase 30% de território atingido pelas chamas, de acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ). Em Mato Grosso a área queimada é de 2,2 milhões de hectares e 1,9 milhão em Mato Grosso do Sul.
Outubro pode ser o quinto mês a bater recorde de incêndios no Pantanal, se juntando a março, abril, julho e setembro. Faltando nove dias para terminar o mês, outubro já conta com 2.696 focos, já em outubro de 2002, atual recorde, houve 2.761 ou seja, 65 focos a mais.
Com três municípios situados no Pantanal registrando altos índices de incêndios, Mato Grosso teve grandes perdas, como é o caso da fazenda que abriga o projeto Panthera Brasil, localizada na região de Porto Jofre, próximo à divisa com Mato Grosso do Sul. Cerca de 80% da propriedade foi atingida pelo fogo.
“Foi um esforço tremendo para conseguirmos proteger os outros 20%, que representa 2 mil hectares. Agora essa área servirá como um refúgio para a biodiversidade presente na região”, conta Fernando Rodrigo Tortato, biólogo e pesquisador da organização.
Conforme seu relado, o fogo por lá começou a se intensificar em julho e a situação ficou bastante crítica em agosto e setembro. “Estávamos preparados para o fogo que estava vindo pela Transpantaneira (Norte da propriedade), mas depois o fogo começou a vir pelo Sul também, na região de Porto Jofre, tivemos que refazer nossos planejamentos e nos reuníamos sempre, pois a dinâmica dessa situação mudava muito rápido”, lembra.
Diante deste cenário, Fernando acabou se tornando um dos brigadistas a combater o fogo. “Trabalho na região há mais de 10 anos, então me senti na obrigação de fazer este trabalho. Em um primeiro momento combati o fogo sozinho, não estava em grande proporção. Depois recebi ajuda de outro brigadista com treinamento e até auxiliei o combate em propriedades vizinhas”, comenta.
Agora, com a situação mais amena, a propriedade serve como local estratégico para atender equipes de instituições que estão trabalhando no combate e resgate da fauna na região. “Pela nossa localização fica mais fácil organizar a logística. Estamos recebendo constantemente equipes do Corpo de Bombeiros, da Força Nacional, ICMBio, que atuam em nossa fazenda e também na região de Porto Jofre”, afirma.
Neste momento eles já estão trabalhando em parceria com a Embrapa Pantanal, ICMBio e UFMT para fazer um levantamento dos animais que foram mortos pelos incêndios deste ano. “Estamos planejando ações para tentar entender, quantificar e dimensionar as consequências do fogo no Pantanal, até para que este cenário catastrófico não se repita”, finaliza.
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