O Pantanal por ser uma área úmida, é um dos ecossistemas com maior capacidade de estocar carbono. A vegetação presente, especialmente nos solos alagados, contribui para a captura e retenção de carbono, ajudando a reduzir os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
As áreas úmidas podem armazenar cerca de 30% de todo carbono terrestre, o que equivale a quatro vezes o que as florestas do mundo armazenam juntas. O sequestro de carbono é só uma das muitas formas que as áreas úmidas do mundo contribuem para que nosso planeta seja habitável.
No entanto, estamos lidando com ecossistemas extremamente frágeis e suscetíveis às alterações climáticas, o que torna a adaptação necessária com urgência no Pantanal. Precisamos de estratégias de conservação e gestão sustentável que levem em consideração não apenas os impactos imediatos, mas também as projeções futuras do clima.
A vulnerabilidade do Pantanal
Há evidências de que o Pantanal está enfrentando impactos causados pelas mudanças climáticas, tais como alterações nos padrões de precipitação, temperaturas elevadas e eventos climáticos extremos.
A seca no Pantanal, um ciclo natural do bioma, tem se intensificado, causando estiagens prolongadas que, somados a alta temperatura, resultam em incêndios florestais intensos e de maior duração. Essa foi a realidade do mês de novembro, vivenciada nas regiões pantaneiras do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Geralmente, neste período não há riscos de grandes incêndios porque as chuvas já chegaram na planície. Historicamente, os incêndios florestais no Pantanal se concentram entre os meses de agosto e outubro, com um pico em setembro.
No entanto, neste ano, o mês de novembro superou todos as médias, somado ainda as ondas de calor e uma estiagem prolongada, que resultaram em 4.134 focos de calor, cerca de nove vezes maior que a média para o mês nos últimos 25 anos, que é de 442 focos de calor. Os dados são do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Segundo informações dos órgãos de monitoramento de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, os primeiros focos de calor iniciaram em propriedades privadas. Para as organizações membros do Observatorio Pantanal, a prevenção é a melhor solução para evitar os grandes incêndios no bioma. Além das brigadas comunitárias e particulares, é preciso investimento público para que as unidades de conservação e propriedades rurais abandonadas recebam ações de prevenção adequadas.