A diversidade cultural no Pantanal é tão rica quanto a ambiental. São diferentes povos, costumes e culturas que há séculos vivem em harmonia com o meio ambiente. Os conhecimentos e as práticas desenvolvidas demonstram que é possível utilizar o recurso natural sem destruí-lo.
Aproveitamos o Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado em 9 de agosto, para reforçar o compromisso do Observatorio Pantanal em promover o diálogo intercultural em prol das populações indígenas e da conservação da biodiversidade. O coletivo é composto por 42 organizações que atuam na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (Brasil, Bolívia e Paraguai). Dentre essas, há organizações que trabalham na valorização e aplicação do conhecimento tradicional na incidência de políticas públicas socioambientais.
A Organização das Nações Unidas (ONU) criou a data, em 1995, com objetivo de garantir autodeterminação e os direitos humanos às diversas etnias indígenas do planeta. Até hoje as populações indígenas lutam para assegurar a sua existência.
A história dos Povos Indígenas são muitos parecidas, sempre marcadas por violência e injustiça. Para os povos tradicionais do Pantanal não foi diferente, ao conhecer mais sobre a história das etnias indígenas do Pantanal compreendemos a força, a capacidade de adaptação e o conhecimento que detêm sobre o ambiente pantaneiro.
No Pantanal brasileiro tem-se o Povo Kadiwéu, remanescente da nação Guaikuru, conhecidos por serem guerreiros e excelentes cavaleiros. Eles migraram para o território brasileiro, na região dos estados de Mato Grosso do Sul e Goiás, fugindo da colonização do norte do Paraguai. Na Guerra do Paraguai, escolheram lutar pelo Brasil e, segundo o mito, por isso tiveram suas terras reconhecidas.
A Reserva Indígena (RI) Kadiwéu é a maior de Mato Grosso do Sul, ocupando uma área de 538.536 hectares no município de Porto Murtinho, que faz fronteira com o Paraguai. Nesta área habitam três povos indígenas: Kadiwéu, Terena e Guarani-Kaiowá (Chamacocos).
Os Povos Terena e os Kinikinau são remanescentes do Povo Guaná. Por muito tempo acreditou-se que os Kinikinau estavam extintos. Mas no censo de 1998 realizado na Reserva Indígena Kadiweu, pela prefeitura de Porto Murtinho, revelou a presença de 58 indígenas que se autodeclararam Kinikinau em um universo de 195 índios.
Atualmente eles estão na Reserva Indígena e distribuídos em aldeias terena nos municípios de Miranda e Aquidauana. Tanto os Terena quanto os Kinikinau teriam atravessado o rio Paraguai a partir da segunda metade do século XVIII, instalando-se na região banhada pelo rio Miranda. Os dois povos possuem estreitos vínculos históricos e culturais, são conhecidos por serem povos passivos e exímios agricultores.
Ainda no Pantanal brasileiro, encontramos o Povo Guató, que são os índios canoeiros, nômades, que viviam na divisa entre Corumbá e Cuiabá, no Mato Grosso. Eles também foram considerados extintos, até que em 1977 foi identificado um grupo na ilha Bela Vista do Norte, reconhecida como Terra Indígena e denominada Ilha Ínsua.
Atualmente a maior população vive na ilha e poucas famílias estão ao longo dos rios Paraguai, São Lourenço e Capivara no município de Corumbá. Segundo o Censo Demográfico do IBGE, realizado em 2010, são 313 índios Guatós.
Na área do Pantanal Paraguaio encontramos os povos Ayoreo e Yshir Chamacoco que estão nos territórios dos Distritos de Bahía Negra y Fuerte Olimpo, do Departamento de Alto Paraguay. As etnias Yshir e Ayoreo possuem características semelhantes em seu modo de produção, pois são coletores de alimentos, caçam e pescam.
Atualmente os Ayoreo ocupam um território dividido pela fronteira entre Paraguai e Bolívia, com 12 comunidades em terras bolivianas, na região entre Santa Cruz de la Sierra e o rio Paraguai.
No Paraguai são encontradas 10 comunidades do povo Ayoreo, mais precisamente no complexo comunitário conhecido como Puerto María Auxiliadora. São povos organizados em comunidades e o sistema de produção é voltado principalmente para a caça e/ou pesca, colheita de alimentos no mato, artesanato e prestação de serviços. Eles têm suas terras reconhecidas.