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Observatorio Pantanal lança mapeamento das brigadas de prevenção e combate aos incêndios na Bacia do Alto Paraguai

Os incêndios ocorridos em 2020 no Pantanal, além de surpreender e assustar pela devastação, revelaram a falta de medidas rápidas e efetivas de prevenção e combate ao fogo na vegetação nativa e pastagens. Deparados com tal urgência, organizações não governamentais, proprietários rurais, comunidades tradicionais, órgãos ambientais e voluntários se uniram para salvar o Pantanal. Mesmo assim, as chamas atingiram 26% do bioma, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélite Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA/UFRJ).

As brigadas de prevenção e combate a incêndios florestais são grupos de pessoas voluntárias ou não, capacitadas e formadas por instituições cadastradas e autorizadas pelos órgãos responsáveis. Estes voluntários ou contratados residem na localidade e estão devidamente treinados e equipados para atuar na prevenção e combate a um incêndio dentro de uma área preestabelecida. As brigadas devem ser pontos de referência na prevenção e combate no Pantanal por ser a resposta mais rápida ao fogo. Entretanto, em 2020 ficou evidente que as brigadas eram insuficientes e com falta de equipamentos adequados.

Diante deste cenário e com o intuito de colaborar com os trabalhos de manejo do fogo na região, o Observatorio Pantanal realizou um esforço coletivo para mapear as brigadas no Pantanal.  Como resultado, estão disponíveis para download 3 mapas com informações sobre a espacialização destas na região, com dados das Unidades de Conservação (UCs), incluindo as Terras Indígenas (TIs) e a área queimada no ano passado. 

Pedro Cristofori, da Wetlands International Brasil e Mupan, coordenador do mapeamento e facilitador do Observatorio Pantanal, explica que “neste primeiro momento, o intuito do mapa foi espacializar as brigadas que existem na Bacia do Alto Paraguai, começando pelo Brasil, para que as instituições e órgãos competentes possam enxergar de maneira clara e objetiva onde é necessário incidir para que a tragédia de 2020 não ocorra novamente. Os próximos passos incluem identificar informações complementares, como localização das brigadas na Bolívia e Paraguai; a capacidade e o raio de atuação para cada uma, além de outros dados importantes sobre seu funcionamento”, conclui Pedro.

Foram levantadas 71 brigadas no bioma Pantanal para a porção brasileira. Destas, 23 são do Corpo de Bombeiros Militar; 7 do Prevfogo/Ibama; 5 nas Unidades de Conservação, vinculadas ao ICMBIO; 19 particulares e 17 comunitárias. Outro diferencial do mapeamento está na informação sobre o status operante das brigadas, como o nível de treinamento, a quantidade de brigadistas, equipamentos e abrangência da atuação.

Para Alexandre Pereira, analista ambiental do Prevfogo/Ibama, o mapeamento das brigadas pantaneiras é uma ferramenta importante e que irá contribuir com o planejamento e resposta ao fogo. “Podemos cruzar essas informações com a ocorrência de incêndios, mapeamento de focos de calor e verificar quais são os recursos, tanto humano quanto de equipamentos, disponíveis mais próximos da ocorrência. Assim, passamos a ter uma ferramenta de planejamento muito mais apurada e mais precisa para atender essas demandas de incêndios”, explicou.

O trabalho em rede – A identificação e espacialização das brigadas somente foi possível com a contribuição das organizações-membros do Observatorio Pantanal, como reforçou Pedro Cristofori, uma vez que os parceiros cederam os dados para que o mapeamento fosse produzido. O Instituto Centro Vida (ICV), que também faz parte do coletivo, colaborou com as informações das brigadas existentes no estado do Mato Grosso, onde a instituição atua. 

A Plataforma do ICV, que está disponível no site da organização, identificou, até o momento, 89 brigadas distribuídas em todo o estado do MT. A maior parte é do Corpo de Bombeiros Militar, com 49 equipes, seguida pelas brigadas do Ibama/Prevfogo, com 11.  As brigadas municipais, implementadas em parceria com o Corpo de Bombeiros, são 9, mesmo número das brigadas comunitárias no estado. Vinculadas ao ICMBio, são 6 brigadas e 5 particulares. O mapa das brigadas continuará aberto para atualização.

É importante ressaltar que a preocupação do Observatorio Pantanal com as brigadas de prevenção e combate aos incêndios florestais não é recente. O coletivo tem alertado para a necessidade de criação de novas brigadas e da manutenção das existentes, com equipamentos e treinamentos. A iniciativa em conjunto com as organizações-membros resultou nesta importante base de dados para a região pantaneira. Os mapas são dinâmicos e serão atualizados constantemente. Dessa maneira, as novas brigadas ou as que forem desativadas poderão ser incluídas a qualquer momento. Essas informações e outras complementares podem ser encaminhadas para a equipe do Observatorio Pantanal pelo site (wwww.observatoriopantanal.org.br).

Em abril deste ano, o Observatorio Pantanal encaminhou uma carta aos órgãos federal e estaduais competentes solicitando que fossem tomadas medidas urgentes como a formação e manutenção de brigadas de combate ao fogo; compra de equipamentos adequados e antecipação na contratação e mobilização do Prevfogo/Ibama com objetivo de prevenção.

As organizações que fazem parte do coletivo estão contribuindo na prevenção, por meio da execução de seus programas e projetos, com a formação, capacitação e estruturação de brigadas comunitárias.  Os treinamentos estão sendo realizados com apoio do Prevfogo/Ibama.

O fato de os brigadistas serem moradores locais é um ponto primordial e positivo para o sucesso das brigadas, tanto na prevenção quanto no combate. São pessoas que já possuem conhecimento local e presenciaram algumas situações com fogo. Alexandre Pereira explica que “ao receberem o treinamento, a capacitação e os equipamentos adequados, os brigadistas estão apenas aperfeiçoando o conhecimento que já possuem”.

Para fazer download dos mapas clique nos botões abaixo.

Foto: Martha Gilka Gutierrez Carrijo

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