O Pantanal de Mato Grosso tem agora a 1ª Brigada Comunitária formada e estruturada pelo Instituto SOS Pantanal, no distrito de São Pedro de Joselândia (171 km de Cuiabá), localizado no município de Barão de Melgaço. Ao todo, 28 pessoas participaram do treinamento durante três dias (19, 20 e 21 de junho), entre moradores, auxiliares de parque e guarda-parques da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN Sesc Pantanal). Até o mês de julho, o instituto capacitará cerca de 200 brigadistas em oito municípios de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Com treinamento, entrega de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e equipamentos para prevenção e combate a incêndios florestais, o SOS Pantanal irá estabelecer um total de 28 Brigadas Pantaneiras. São Pedro de Joselândia faz divisa com a RPPN, unidade do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, que é parceiro da ação e responsável pelos equipamentos doados pelo SOS Pantanal em benefício da comunidade. A RPPN Sesc Pantanal é a maior reserva natural privada do país, com 108 mil hectares, e também está localizada no município de barão de Melgaço.
De acordo com o diretor executivo do SOS Pantanal, Felipe Dias, diante dos incêndios de 2020, o SOS Pantanal recebeu muitas doações e, com elas, resolveu criar as Brigadas Pantaneiras. “Metade das brigadas serão formadas em comunidades, para onde levamos capacitação, EPIs e equipamentos. O objetivo é fortalecer o primeiro combate, que vai tentar minimizar os impactos, evitando grandes incêndios”, ressalta.
A nova brigada foi treinada por Bombeiros Militares da Reserva do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso e Mato Grosso Sul, com a coordenação técnica do coronel Paulo Barroso, que também é engenheiro florestal, especialista em incêndio florestal. Segundo ele, o projeto atende, especialmente, lugares onde o Corpo de Bombeiros não está presente. “Até mesmo na área urbana não há efetivo suficiente para atender todas as demandas. Daí a importância de ter uma brigada que dê a primeira resposta. Todo incêndio começa pequeno e se a comunidade chega rápido é mais fácil controlar e extinguir o fogo”, explica. Em breve, continua Barroso, a intenção é instituir uma política pública, por meio de um programa de estruturação de brigadas rurais que esteja presente em todo o Brasil.
Diante da impossibilidade de atuação do poder púbico em todo o Pantanal, a superintendente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Christiane Caetano, destaca a importância da organização das brigadas nas comunidades e áreas rurais. “Esse momento é bastante emblemático para São Pedro de Joselândia, uma comunidade que sofre com os incêndios e, no ano passado, ficou por muitos dias com poucos recursos. A presença das duas instituições (SOS Pantanal e Sesc Pantanal) é um reconhecimento de todo o trabalho que a própria comunidade tem desenvolvido ao longo dos anos de forma mais solitária”, avalia a superintendente.
Comunidade unida contra propagação do fogo
O presidente da Associação Rural de São Pedro de Joselândia, Everson de Arruda, conta que, em 2020, o fogo prejudicou a comunidade de maneira geral. “Não só na perda de cercas e animais, como também o meio ambiente. Até o ano passado, não tínhamos nenhum material. Fora isso, o acesso até aqui é difícil, por isso também a formação da brigada e esses equipamentos são tão importantes”, explica. O Corpo de Bombeiros mais próximo do distrito leva, ao menos, quatro horas para chegar.
Nascida e criada na comunidade, Miriam Amorim, também participou da formação e relembra que os moradores foram apenas com coragem e força combater o fogo, em 2020. “Muitas casas correram risco. Então, receber a equipe do SOS Pantanal, em parceria com o Sesc Pantanal, com esse treinamento é muito importante para toda a comunidade, para nós como equipe e para mim como mulher. Esse ano iremos batalhar para não correr o risco que corremos o ano passado”.
Morador da comunidade Pimenteira, que faz parte do distrito, o agente comunitário de saúde Elcio Brandão decidiu ser um brigadista para aprender técnicas e agir em caso de incêndios. “Estamos tentando fazer o melhor para não acontecer como no ano passado. O curso foi ótimo”, conclui.
Rosenil de Araújo, morador de São Pedro e auxiliar de parque da RPPN Sesc Pantanal, diz que a capacitação é importante e agrega na experiência da brigada, existente há 20 anos. “Fico feliz, como morador, em ver o empenho de todos nestes dias. Aprendendo, também é possível ensinar e, se Deus quiser, a partir de agora vai ser bem melhor do que antes”, completa.
Capacitação e estruturação da Brigada Pantaneira
A capacitação foi dividida em duas etapas: teórica e prática. Entre os assuntos abordados estão: comportamento do fogo, combate a incêndios florestais, organização de pessoal, atendimento pré-hospitalar, apresentação e uso correto das ferramentas, equipamentos e acessórios, afiação e manutenção de ferramentas, montagem de almoxarifado, tipos de confecção de aceiros, confecção de aceiros e técnicas de combate a incêndios florestais.
Para a estruturação da brigada, o SOS Pantanal entregou enxada, foice, rastelo, pá, pá de corte, bomba costal, abafador, pinga fogo, machado, roçadeira, motosserra, soprador, motobomba, mangueira e um pipinha com capacidade para 2,3 mil litros de água. Entre os EPIs entregues estão: cinto tático, capacete, balaclava, apito profissional, óculos de proteção, par de luvas, perneira, facão, lima, lanterna de cabeça, mochila de hidratação, coturno e conjuntos antichamas.
Texto: Gabriela Sant’Ana – Assessoria de Imprensa SESC Pantanal