Programa Aquarela Pantanal acontece por meio de várias organizações que trabalham em prol do bioma
A sabedoria das comunidades tradicionais do Pantanal aliada ao conhecimento científico tem levado ainda mais vida para o bioma, que teve cerca de 22 mil focos de incêndios e mais de 30% da superfície devastada, com cerca de 4,4 milhões de hectares reduzidos às cinzas, em 2020. A Iniciativa AquaREla Pantanal reúne instituições e a comunidade pantaneira para recuperar o bioma, em especial as áreas atingidas pelo fogo dentro da RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) Sesc Pantanal.
São parceiras neste trabalho a Mupan (Mulheres em Ação no Pantanal), Wetlands International Brasil por meio do Programa Corredor Azul, o CPP (Centro de Pesquisa do Pantanal), o INAU (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Áreas Úmidas) da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) e o Polo Socioambiental Sesc Pantanal.
De acordo com a coordenadora científica da AquaREla Pantanal, Cátia Nunes da Cunha explica, trata-se de uma ação pioneira de recuperação de áreas úmidas do bioma. “A restauração vem para uma revitalização em ambientes que foram, de alguma forma, degradados. Com isso, vamos tentar trazer, por exemplo, a biodiversidade que estava faltando em determinado lugar, conter erosão. Ou seja, promover a melhoria desse ambiente para as próximas gerações”, afirma.
A conservação e recuperação das áreas degradadas do bioma passam pela produção de mudas nativas do Pantanal, que tem envolvido as comunidades pantaneiras de Capão do Angico, em Poconé (MT), e Barão do Melgaço (MT). Ao mesmo tempo em que gera renda e fortalecimento para as comunidades, a AquaREla Pantanal tem produzido mudas nativas do bioma para a recuperação das áreas atingidas pelo fogo.
Toda a produção de mudas tem acontecido dentro das próprias comunidades. Elas recebem suporte técnico e capacitações. As mulheres envolvidas na iniciativa também recebem bolsa para desenvolver o trabalho de viveiristas.
“O trabalho todo contempla os três pilares da sustentabilidade: social, ambiental e econômico. Atualmente, 12 famílias participam de todas as etapas de produção das mudas e cinco outras participam dos plantios, mas os ganhos são escalonáveis quando se pensa no impacto ambiental, e nas condições de vida no local que são reestabelecidas para a fauna e flora, sem mencionar nos impactos coletivos”, afirma a diretora da Wetlands International Brasil, Rafaela Nicola.
Viveirista da comunidade de Capão do Angico, Natalice da Costa afirma que a comunidade inteira é beneficiada pelas ações. “É um sopro de esperança, não só para os animais e as plantas, que tanto sofreram com o fogo. Ela chega para nos resgatar também, trazer uma nova força”, garante.
“Através do projeto, fui até o Xingu conhecer o trabalho que eles realizam com bancos de sementes e há intenção da gente vender mudas, futuramente, para os proprietários rurais da região”, conta a viveirista Miriam Amorim que, além de participar do projeto, chefia a brigada comunitária de São Pedro de Joselândia, em Barão de Melgaço.
Até o momento, os dois viveiros já produziram 40 mil mudas nativas de áreas úmidas, de 54 espécies diferentes, entre elas ipês (amarelo, roxo e branco), jatobá, cumbarú, paratudo, tarumã, pequi, timbó, figueira, genipapo, manduvi, siputá, ingá, bacupari, acuri, aroeira e imbaúba.
Parte desta produção foi utilizada na restauração e regeneração de 46 hectares da RPPN Sesc Pantanal atingidos pelo fogo e o restante será comercializado pelas associações comunitárias ou, em alguns casos, doados para projetos de recuperação de outras áreas.
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