No dia 5 de junho é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data foi criada em 1972, durante a Conferência de Estocolmo, com objetivo de sensibilizar e conscientizar a todos da importância de conservar os recursos naturais. Um dos maiores motivos é porque a manutenção da vida está diretamente relacionada ao equilíbrio ambiental.
Em 2021, 49 anos depois, o objetivo de celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente está ainda mais latente na sociedade. O planeta enfrenta uma pandemia, eventos climáticos extremos são vivenciados em todos os continentes, com algumas regiões sofrendo mais do que outras. Consequentemente, tem-se a perda da biodiversidade, que já é uma realidade anunciada há anos pelos cientistas e se agrava em decorrência do desmatamento, poluição, incêndios, caça e pesca predatória, entre outros problemas socioambientais.
No entanto, para contrapor todas as ameaças e prejuízos ambientais, há conquistas significativas para serem celebradas como, por exemplo, o avanço das pesquisas científicas que promovem maior e melhor conhecimento, monitoramento e a descobertas de novas espécies e dos ambientes nativos; a existência e a defesa das diferentes categorias de Unidades de Conservação e Áreas Protegidas; a proposição, criação e aprovação de legislações específicas para conservação e preservação ambiental; o uso da tecnologia para o manejo dos ecossistemas e o reconhecimento de áreas de extrema importância ecológica como, por exemplo, o Pantanal.
Como ficou o Pantanal nesses quase 50 anos?
Nesses 49 anos que se passaram, o Pantanal foi reconhecido internacionalmente pela sua rica biodiversidade e importância ecológica para o planeta. Foi declarado como Patrimônio Nacional pela Constituição Federal do País e Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura).
Os títulos contribuíram para a conservação e manutenção do Pantanal porque promoveram a divulgação do bioma. No entanto, reforçam a necessidade de investimentos para fortalecimento de iniciativas de preservação e conservação, bem como de capacitação e inclusão do ser humano como o principal beneficiário da integridade desse ecossistema.
Embora tenham surgido iniciativas para a melhoria do uso da terra no bioma, ainda são reais e crescentes as ameaças como desmatamento, pesca ilegal, queimadas, projetos de infraestrutura de hidrelétricas, hidrovias e mineradoras sem bases sustentáveis, invasão de espécies exóticas, poluição dos rios pelo uso de pesticidas, entre outros.
A rede Observatorio Pantanal
Há cinco décadas a região hidrográfica da Bacia do Alto Paraguai conta com a presença de diferentes organizações sem fins lucrativos e instituições de pesquisa como institutos e universidades, que apoiam a sociedade local e o governo para o planejamento e a tomada de decisões com a finalidade de manter a riqueza natural e os serviços ambientais prestados pelo bioma Pantanal. Atualmente, são desenvolvidos inúmeros projetos que preservam a fauna, a flora e a diversidade do ecossistema.
Em 2015, a IUCN em diálogo com organizações de atuação local no Pantanal, colaborou com a criação de um espaço participativo de organizações da sociedade civil que consideram a conservação e o uso sustentável dos recursos do bioma como uma preocupação comum à sociedade, governos e iniciativa privada. Desta maneira, a iniciativa reuniu tanto instituições que trabalham pela conservação de espécies ameaçadas de extinção como arara azul, ariranha, onça pintada, como aquelas com esforços voltados para a valorização e manutenção das comunidades tradicionais. Outras ainda abrangem a articulação e incidência política, além daquelas que elaboram e executam projetos para fortalecer a sustentabilidade geral do bioma.
Em 2017, este espaço foi oficializado como a rede Observatorio Pantanal, com a participação de 18 membros na época e com a elaboração de um plano estratégico de trabalho. Atualmente, são 40 instituições membros, com atuação na Bolívia, Brasil e Paraguai. Desde então, o Observatorio tem posicionado suas ações em três frentes de atuação: gestão da informação, comunicação e incidência política.
Flávia Araujo, Analista de Conservação do WWF-Brasil, instituição facilitadora do Observatorio Pantanal, explica que a rede é um espaço de diálogo com poder público, organizações da sociedade civil e organizações técnico-científicas. E que foi criada com a finalidade de promover a articulação entre as organizações atuantes no Pantanal para que as ações aconteçam com sinergia.
Principais ações da rede Observatorio Pantanal
Um exemplo dessa “sinergia” aconteceu durante a tragédia dos incêndios florestais de 2020, quando o Observatorio Pantanal se mostrou eficiente e demonstrou a importância de ter uma rede estruturada composta por organizações comprometidas. “O Observatorio articulou e todos os membros se mobilizaram quanto as principais necessidades em relação aos incêndios e se apoiaram para fazer o melhor combate efetivo”, destaca Flávia.
Em seus quatro anos de oficialização, várias ações foram realizadas por meio da rede, seja no quesito incidência política, quanto no apoio às instituições-membro, com treinamentos de aprendizagem em rede, em captação de recursos, entre outras iniciativas. O Observatorio tem acompanhado possíveis ameaças a sustentabilidade do Pantanal e lançado posicionamentos técnicos que alertam sobre os perigos e apontam soluções para o bioma. Vale destacar o acompanhamento na elaboração da Lei do Pantanal, com a organização de um documento que sintetiza os pontos primordiais para que a região se desenvolva a partir dos princípios de sustentabilidade. O mesmo foi entregue diretamente aos deputados em sessão solene em homenagem ao Dia Mundial das Áreas Úmidas.
Outra presença a ser ressaltada foi no Dia do Pantanal, quando a rede esteve presente no Congresso Nacional, em Brasília, em uma data histórica, na qual o website do Observatorio Pantanal foi lançado durante sessão solene dedicada ao bioma.
E mais recentemente, a rede atuou no espaço de diálogo entre pesquisadores e tomadores de decisão com a realização do webinar Rede de pesquisa científica sobre o fogo, que aconteceu nos dias 18 e 19 de maio.
Fazendo um balanço das atividades realizadas desde a criação do Observatorio Pantanal e acompanhando o trabalho das organizações que fazem parte desta rede, observa-se que existem sim motivos para comemorar este Dia do Meio Ambiente, se focarmos nas ações positivas e nos esforços em prol deste bioma.