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Pesquisa conclui etapa de queima controlada no Pantanal no auge da seca

O projeto de implementação do Manejo Integrado do Fogo (MIF) no Pantanal concluiu a 2ª etapa de queima, no auge do período da seca, na maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Brasil, a RPPN Sesc Pantanal, localizada em Barão de Melgaço (MT). O experimento, realizado é inédito e tem como objetivo elaborar protocolos para implantação do MIF como prevenção a grandes incêndios no bioma. A iniciativa é executada por meio da parceria entre 17 instituições, entre elas a Mulheres em Ação no Pantanal (Mupan), organização não governamental que integra o coletivo Observatorio Pantanal.

Ao todo são três queimas planejadas: a primeira foi realizada no mês de julho (período que antecede a seca), a segunda neste mês de setembro (período da seca) e em outubro (fim da seca). Uma das áreas não será queimada para servir de comparativo. Os três locais do experimento em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foram escolhidos considerando a prevalência da flora nativa e os diferentes níveis de inundação: Corumbá (MS) onde alaga muito, RPPN Sesc Pantanal (MT) com inundação intermediária e Terra Indígena Kadiwéu (MS) que não alaga.  

Segundo o biólogo, analista ambiental do ICMBio e coordenador do projeto, Christian Berlinck, os resultados da queima ocorreram como esperado para este mês, em que o bioma está no auge da seca. “A queima neste momento é mais intensa com tendência de efeitos mais severos na biodiversidade, que ainda serão avaliados nas pesquisas”, destaca. 

O biólogo explica que foram registradas temperaturas mais elevadas, profundidade de queima maior, o que deixou as cinzas mais claras. “Isso quer dizer que uma parte maior do nutriente que estava nas plantas secas foi emitido para a atmosfera. Diferente do que aconteceu quando fizemos a primeira queima, chamada de precoce, em que a vegetação está mais úmida e verde. As cinzas ficaram mais pretas, então os nutrientes foram mais rapidamente incorporados ao sistema biológico novamente”, disse.  

Devido à seca, as equipes reforçaram as medidas preventivas, que inclui o alargamento de aceiros das parcelas, umedecimento das áreas no entorno e uso de duas aeronaves air tractor, que contribuíram para minimizar a chance de o fogo sair do controle. “Essa umidificação aconteceu tanto por terra, com caminhões pipa, quanto por aviões tanque, que lançaram água e monitoraram enquanto nós queimávamos, para evitar que o fogo pulasse. Caso isso ocorresse, tínhamos aviões para combater”, destacou Berlinck. 

Área delimitada da RPPN Sesc Pantanal para realização do experimento. Foto: SESC Pantanal

O guarda-parque da RPPN Sesc Pantanal e líder da brigada, Alesandro Amorim, observou a diferença da queima das parcelas nestes dois períodos. “A vegetação está bem seca e a queima foi rápida na primeira parcela. A temperatura estava muito alta, assim como as labaredas também. Nos dias seguintes, houve garoas, então a intensidade foi diferente”, ressaltou. 

Mato Grosso está no período proibitivo de uso do fogo até o dia 30 de outubro. Por isso, há autorização excepcional da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT) para realizar a queima enquanto pesquisa. O uso do fogo como aliado a incêndios florestais já é utilizado em todos os outros biomas no Brasil e em unidades de conservação dos Estados Unidos, África e Austrália. 

Efeitos da queima controlada

O MIF é uma grande pesquisa que envolve quatro frentes de trabalho: fauna, flora, solo e o DNA ambiental. A finalidade é avaliar o efeito da queima controlada nas áreas. Para isso, os pesquisadores vão a campo em cada fase para coletar materiais antes e depois da queima das parcelas. 

Os dados de cada fase serão comparados e, após a última queima, a pesquisa continua com a análise de dados e levantamentos em campo. A previsão é que os primeiros resultados da pesquisa sejam conhecidos em 2022. 

Fazem parte do projeto de implantação do MIF no Pantanal o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Ibama/Prevfogo, ICMBio/Centro de Educação Profissional, INPE, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Embrapa Pantanal, Mulheres em Ação no Pantanal, (Mupan)/GEF Terrestre, Smithsonian Institution, UFMG, UFRN, UFRJ, UnB, USP, UERJ e UFRGS. 

Fonte: Assessoria SESC Pantanal

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