A ação faz parte da campanha do Observatorio Pantanal de conscientização e combate aos incêndios da região
O Pantanal queima dia e noite, quase que sem descanso, assim como trabalham incessantemente os brigadistas no combate as queimadas. Somente de 1 de janeiro a 30 de agosto deste ano, foram detectados 9.746 focos de calor em todo o Pantanal brasileiro, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). E a tendência é que a situação só piore se mantidos os fatores: chuvas abaixo da média histórica, baixa umidade relativa, altas temperaturas e incêndios antrópicos para práticas de pecuária.
Pensando em minimizar a situação de despreparo e desamparo das comunidades em relação ao combate ao fogo que assola o Pantanal, o Observatorio Pantanal, por meio de suas associações-membro – WWF Brasil e Ecoa, realizaram a entrega de equipamentos e uniformes para as brigadas comunitárias da região, que também recebem treinamentos do Prevfogo/Ibama.
Os materiais começaram a ser disponibilizados na última sexta-feira (28), e também a capacitação das equipes de voluntários que serão instruídos a colaborar na contenção dos focos de calor em seu início, evitando que as chamas se alastrem e tomem grandes proporções. A primeira comunidade atendida foi a do Assentamento rural 72, na região de Ladário, próximo à Área de Proteção Ambiental (APA) Baía Negra, que foi muito atingida pelos incêndios neste ano. Na ocasião, 7 pessoas foram treinadas para atuar, com os devidos equipamentos e roupas de proteção, nas situações de emergência.
Ao todo serão capacitados e atendidos com os materiais de proteção 28 voluntários de quatro brigadas das comunidades Barra São Lourenço/Porto Amolar, Associação de Pescadores Profissionais de Iscas Vivas de Miranda (Apaim), Terra Indígena Terena – Aldeia Brejão e Assentamento 72/APA Baia negra (primeira comunidade atendida).
O trabalho realizado pelas equipes do Prevfogo/Ibama, bem como o apoio dos Bombeiros e das Forças Armadas, é essencial para o combate ao fogo. No entanto, em muitas situações, a população acaba se envolvendo no primeiro combate aos focos de calor, porém, sem os equipamentos adequados e uniformes de proteção, e acabam expostos a um risco imenso. Agora, capacitados, vestidos adequadamente e com o auxílio de bombas costais, abafadores, enxadas e até um soprador de vento, esses voluntários estão muito mais confiantes e preparados para combater as chamas, se necessário. .
A missão é conseguir uma brigada de incêndios fixa, que possa atuar todo o ano e conseguir atuar o combate às chamas no início dos incêndios antes que se torne de grandes proporções.
Para o diretor presidente da Ecoa, André Siqueira, a iniciativa é fundamental no processo de empoderamento de pessoas que já possuem uma pré-disposição a preservar o meio ambiente em que vivem. “As pessoas da comunidade que se disponibilizam para ser brigadistas voluntários são aqueles que, além da coragem, já têm a aptidão em relação aos cuidados do seu entorno. Com a formação e equipamentos adequados, poderão não só colaborar com o primeiro combate aos incêndios, mas também sensibilizar e educar seus familiares e vizinhos a fazerem o uso correto deste recurso, o manejo integrado do fogo e defenderem o seu patrimônio”, explicou.
A facilitadora do Observatorio Pantanal e analista de conservação do WWF-Brasil, Paula Isla Martins, complementou que o Observatorio Pantanal traçou diversas estratégias para atuar na prevenção e combate aos incêndios na região, dentre elas, a doação de equipamentos de proteção e combate ao fogo. “Acreditamos que essa iniciativa proporcionará melhores condições de ação às populações locais, aumentando a eficiência e segurança dos brigadistas comunitários. Combatendo os focos de incêndio logo no início, conseguimos evitar que as chamas se alastrem, causando uma destruição ainda maior”, comentou Paula.
A ação faz parte da campanha de conscientização e combate aos incêndios no Pantanal, organizada pelo Observatorio Pantanal, que leva como slogan “Pequenas faíscas, grandes incêndios” (#pequenasfaiscasgrandesincendios).
Fotos: Elias Campos