A seca no Pantanal deve atrapalhar a reprodução do casal de tuiuiús da BR-262. A constatação foi feita pelo nosso parceiro Walfrido Tomas, veterinário e pesquisador da Embrapa Pantanal, mestre em Vida Selvagem e doutorado em Ecologia e Conservação.
Em 2021 foi uma vitória para o pesquisador ver o casal adotar o ninho artificial, construído após os incêndios de 2020. Entretanto, a reprodução ainda não aconteceu. Mas Walfrido esclarece que o problema não é o ninho e sim a seca extrema que o bioma está passando.
A seca gera a falta de alimentos e a consequência é a queda na reprodução dos tuiuiús. Segundo o pesquisador, essa é uma resposta natural. “Os levantamentos aéreos realizados pela Embrapa Pantanal, periodicamente desde 1991, mostram essa relação entre cheias no Pantanal e o número de ninhos ativos. O maior número já estimado foi de pouco mais de 20 mil ninhos, mas este número variou para baixo dependendo da intensidade e duração das cheias”.
Mas Walfrido alerta que os incêndios podem ser uma ameaça para os ninhos, pois é justamente durante a seca que ocorre o nascimento e o crescimento dos filhotes. O uso irresponsável do fogo pode destruir os poucos ninhos ativos.
Reconstrução do Ninho
O Ninho artificial foi construído depois que o ninho natural localizado no alto de um Ipê, na BR-262 entre o Buraco da Piranha e a ponte sobre o Rio Paraguai, foi queimado no pior incêndio do bioma. O ninho natural era observado desde a década de 1980 e em 2011 foi tombado como patrimônio pela prefeitura de Corumbá.
O pesquisador se inspirou nos ninhos artificiais na Europa, onde são comuns, e no projeto das araras azuis conduzido pela bióloga Neiva Guedes, para criar a alternativa de substituição da morada das aves símbolos do Pantanal. A reconstrução teve a parceria da Embrapa Pantanal, Instituto Arara Azul, Fundação do Meio Ambiente e Energisa.
Foto e vídeo: Walfrido Tomas