As imagens que ilustram esta matéria foram feitas pelo fotógrafo Marcelo Tchebes e pelo biólogo e produtor de conteúdo audiovisual, Luiz Felipe Mendes. Os dois profissionais visitaram o Pantanal, no mês de setembro, e constataram a realidade de um ecossistema que sofre com a falta de água.
Os registros são fortes e mostram como a fauna pantaneira está lutando para sobreviver nesta forte estiagem. As imagens ganharam repercussão e foram pautas de reportagens no Portal G1.
Marcelo Tchebes viaja há vários anos fotografando a natureza e a vida selvagem. Ele conta que a viagem para o Pantanal foi um divisor de águas na vida dele, pois os sentimentos de encantamento e preocupação com o que encontrou no bioma se misturaram.
Os registros de Marcelo foram feitos no Pantanal de Mato Grosso. Na região de Porto Jofre ele realizou seu sonho antigo de ver onças-pintadas. Mas também se deparou com a imagem de centenas de jacarés amontoados pela escassez da água.
“Foi uma dicotomia de estar muito feliz com os encontros com a fauna mais impressionante do Brasil e o aperto de ver a situação da estiagem e das queimadas. Tenho dito para meus amigos que eu saí do Pantanal, mas ele ainda não saiu de mim”, diz.
Já Luiz Felipe Mendes viajou para o Pantanal no Mato Grosso do Sul, na região da Serra do Amolar, uma das áreas mais conservadas do bioma, e o cenário de agonia não foi diferente. Ele registrou os peixes se debatendo em uma lagoa seca.
Esta não foi a primeira viagem do biólogo ao Pantanal. Ele conta que em 2018 esteve no mesmo local, RPPN Eliezer Batista, e a paisagem era completamente diferente.
“Eu estou acostumado a ir ao Pantanal há muito tempo. Trabalho com filmagens de paisagens há vários anos. Meu foco sempre foi a beleza, o bonito, o Pantanal intenso, o Pantanal pleno. Eu já conhecia a região do Amolar, conheci em uma época que não estava na cheia, mas era cheio de vida. Dos pantanais que conheço, era o mais bonito em questão de paisagens, o que mais tinha água e refletia. Eu fiquei apaixonado. Voltar agora e ver estas condições, é muito triste”, descreve.
Seca no Pantanal
O Pantanal perdeu 29% de superfície de água e campos alagados entre a cheia de 1988 e a última, em 2018, quase 1% por ano. Se continuar neste ritmo, em 70 anos, o bioma estará seco.
Na primeira cheia registrada na série histórica de imagens de satélite analisadas pelo MapBiomas, esse total era de 5,9 milhões de hectares. Na última, em 2018, a área alcançou apenas 4,1 milhões de hectares. Em 2020, esse valor foi de 1,5 milhões de hectares, o menor nos últimos 36 anos.
Segundo o MapBiomas, mais seco, o Pantanal está também mais suscetível ao fogo. Os períodos úmidos favorecem o desenvolvimento de plantas herbáceas, arbustivas, aquáticas e semi-aquáticas, acumulando biomassa. No período seco, a vegetação seca vira combustível para o fogo.
Confira os registros de Marcelo Tchebes e Luiz Felipe Mendes
Com informações do Portal G1