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Queda de temperatura pode prejudicar início do período reprodutivo das araras no Pantanal

Fêmea defendendo ninho no Pantanal. Foto: Neiva Guedes

A frente fria que derrubou a temperatura nos municípios de Mato Grosso Sul pode ter prejudicado a reprodução de alguns casais de araras-azuis. A equipe do Projeto Arara Azul que realiza o monitoramento dos ninhos, na região de Miranda, MS, encontrou o primeiro ninho com ovos na semana que antecedeu a massa de ar fria. Apesar do registro ser positivo, agora há uma preocupação, porque “o frio muito intenso impede a continuidade do desenvolvimento dos embriões dentro dos ovos e afeta a sobrevivência como um todo”, explica a bióloga e presidente do Instituto Arara Azul, Dra. Neiva Guedes.

Casal de arara-azul que começou a estação reprodutiva na região de Miranda, MS. Foto: Cézar Corrêa.

A pesquisadora pontua que até o momento foi documentado apenas um ninho com ovos, mas o monitoramento continua. O pico de postula das araras, quando elas botam os ovos, acontece em agosto e início de setembro. Porém, é bem comum alguns casais anteciparem a estação reprodutiva e são justamente esses que podem ter sido afetados pela queda da temperatura.

A arara-azul é uma espécie frágil e única, para se reproduzir e sobreviver são necessários vários pré-requisitos como, por exemplo, a temperatura. O Instituto Arara Azul, membro do Observatorio Pantanal, trabalha, por meio do Projeto Arara Azul, há mais de 30 anos para conservação da espécie. São realizados estudos, monitoramentos, avaliação e instalação de ninhos com a finalidade de contribuir com a conservação da arara-azul em seu ambiente natural.

Neiva conta que os esforços do Instituto em colocar caixas, cintas metálicas e fazer o manejo dos ninhos contribuem na reprodução. Mas nem todo ano é igual. “No geral, ano passado, a reprodução das araras foi razoável se comparado com anos anteriores. A gente conseguiu ajudar as araras, que já são bastante resilientes, a ter uma reprodução similar a 2017”.

Monitoramento pós-incêndio

Neste mesmo período de baixas temperaturas, outra equipe do Projeto Arara Azul estava fazendo o monitoramento das araras na fazenda São Francisco do Perigara no município de Barão do Melgaço, no Mato Grosso. A fazenda tem o maior dormitório de araras, já foram identificados mais de 700 indivíduos na propriedade que se reúnem no fim de tarde para dormirem.

Como a propriedade teve 92% da sua área queimada com os incêndios de 2020, os pesquisadores foram a campo para fazer mais uma etapa de avaliação da dinâmica das araras. A equipe do Projeto observou que em janeiro, com o período de cheia, as araras dispersaram, provavelmente pela escassez de alimento. Nesta última visita, constatou-se que elas estão retornando, pois foram encontradas em vários pontos da fazenda. Você pode acompanhar os  projetos do Instituto Arara Azul pelo site www.institutoararaazul.org.br e pelas redes sociais Instagram e Facebook

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