A situação de pouca chuva e água foi o ponto de partida para que cientistas da Unemat e comunidade local se unissem na elaboração de um projeto de restauração ecológica
Por Marcos Vergueiro
Pesquisadores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), em parceria com trabalhadores assentados no município de Cáceres, a 220 km de Cuiabá, concluíram que as águas do Pantanal estão se tornando escassas para uso humano, de animais e plantas, principalmente na época de estiagem, entre maio e outubro.
O Pantanal de Mato Grosso é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta. A situação de pouca chuva e água foi o ponto de partida para que cientistas da Unemat e comunidade local se unissem na elaboração de um projeto de restauração ecológica, financiado pelo Ministério do Meio Ambiente, sob coordenação da professora Solange Ikeda Castrillon, denominado “Recuperação das nascentes e fragmentos de mata ciliar do córrego do Assentamento Laranjeira I e mobilização para conservação dos recursos hídricos no Pantanal mato-grossense”.
O projeto desenvolvido foi um processo de articulação e mobilização social de diversos atores sociais atuantes no Assentamento Laranjeira I para a restauração ecológica, principalmente a vegetação dos entornos das nascentes e da mata ciliar e dos córregos.
Por meio da experiência dos moradores locais, foi possível evidenciar que a água do Pantanal está diminuindo e começa a faltar. Isto estaria relacionado às atividades de intervenção humana na natureza, como desmatamento de encostas e matas ciliares de córregos, lagos e rios, retirando a vegetação na proximidade das nascentes e olhos d’água, que passam a ficar expostos ao pisoteio de animais e ao assoreamento pela erosão.
A constatação dos moradores sobre as causas da escassez de águas é também observada por estudiosos. O desaparecimento da mata do Cerrado e do Pantanal modifica as condições climáticas, influenciando diretamente o regime das chuvas que regulamentam a unidade do ar e a temperatura. O desmatamento também expulsa a fauna nativa para substituí-la por animais de criação, como bovinos, porcos, ovelhas, cabritos, galinhas, patos, que impactam na superfície do solo pelo pisoteio, na hidrografia pelo uso excessivo da água ou sua poluição e contaminação com coliformes fecais pelos dejetos.