A seca rigorosa que já provoca quedas históricas nos níveis dos rios do Pantanal traz risco de devastação ainda mais grave no bioma do que a registrada no ano passado. O alerta partiu de vários especialistas ouvidos no dia 15 de julho pela Comissão Externa da Câmara sobre Queimadas nos Biomas Brasileiros. Alguns órgãos públicos já monitoram a situação por meio de “salas de crise”.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) constata uma “anomalia de precipitação” na região do Pantanal com déficit de chuva em torno de 40% desde outubro de 2020. Superintendente de operações e eventos críticos da Agência Nacional de Águas (ANA), Ana Fioreze mostrou os efeitos práticos dessa estiagem nos rios pantaneiros e fez um alerta sobre a crise hídrica na região. Segundo ela, a situação de 2021 é mais crítica do que foi no ano passado e tende a piorar nos próximos meses.
“A gente percebe os reflexos nas vazões: quase todas as estações de monitoramento estão próximas aos níveis mínimos históricos. Há um potencial risco para captações, principalmente para o abastecimento quando elas estão localizadas muito próximas às margens do rio e são captações fixas. Pode acontecer de haver necessidade de levar essas captações mais para dentro do rio”, explicou.
Entre os impactos sociais, já se notam a redução na oferta de peixes e o encalhe das “chalanas”, embarcações típicas do Pantanal. O coordenador de Ciências da Terra do Inpe, Gilvan de Oliveira, apresentou o histórico das secas cada vez mais intensas e frequentes no bioma.
“Desde o fim da década de 1990, o período seco tem ficado mais seco e também o período chuvoso tem ficado mais seco. Vejam que, de 2010 em diante, temos um predomínio de chuva abaixo da média. Então, algo realmente está acontecendo no Pantanal e obviamente chama a atenção o período 2020-2021. Neste ano, não é possível somente fazer orientação ou informativos: têm que ocorrer ações efetivas”, disse.
Foto: Ecoa/Ronivon Barros.