Este dado alarmante faz parte do relatório do Mapbiomas Fogo lançado no dia 16 de agosto. A pesquisa que tem como objetivo entender o impacto do fogo sobre o território nacional, constatou que o “Brasil está em chamas”. Em média, 150 mil km2 queimam todos os anos no Brasil, equivalente a 1,8% do território nacional.
Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo, explica que para chegar aos números que demonstram o rastro do fogo no Brasil, foram geradas mais de 150 mil imagens, por três satélites, para entender as localidades que foram afetadas pelas chamas. Os dados apontam que 60% dos territórios dos biomas investigados (Pantanal, Amazônia e Cerrado) queimaram mais de uma vez.
O Pantanal é o bioma que mais queimou proporcionalmente no Brasil, tendo 57% de sua área consumida pelo fogo ao menos 1 vez nos últimos 36 anos. Um dado que chamou atenção está na quantidade de vezes que a mesma área já foi queimada, 20% do bioma queimou duas vezes, 13% queimaram três vezes e 9% quatro vezes.
Também foi identificado que dos 57% de área queimada, 65% dos incêndios ocorreram em áreas de vegetação nativa. Sendo que 83% desse fogo ocorreu entre o período mais crítico da seca, entre julho e outubro.
Para Alexandre Pereira, analista ambiental do Prevfogo/Ibama, que participou do evento de lançamento, os incêndios no Brasil têm mais relação com o uso da terra do que com as mudanças climáticas. O ecólogo, que atua na linha de frente dos combates aos incêndios no Pantanal, pontua que o “fogo não é somente um vilão. Ele também é necessário dentro dessa estrutura de história natural de evolução desses ambientes (Cerrado e Pantanal), onde o fogo é um importante perturbador, tendo a sua função ecológica”.
Neste cenário o Prevfogo, juntamente com o ICMbio, está trabalhando com o Manejo Integrado do Fogo (MIF), em Terras Indígenas e Unidades de Conservação, com objetivo de entender a dinâmica do uso do fogo pelas populações tradicionais e ribeirinhas. Alexandre apresentou um dos resultados do Projeto Nooledi executado na Terra indígena Kadiwéu, em Mato Grosso do Sul, que utiliza técnicas do MIF. “Mesmo com todas as adversidades climáticas ocorridas no Pantanal, em 2020, houve uma redução de 15% na quantidade de área queimada na Terra Indígena Kadiwéu”.
O projeto Nooledi, coordenado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, é um dos integrantes do Observatorio Pantanal e tem contribuído na discussão sobre o uso do fogo no bioma Pantanal. Assim como outras organizações-membro que estão coordenando projetos pilotos e apoiando outras pesquisas em diferentes áreas do Pantanal com a finalidade de aprofundar o conhecimento e desenvolver técnicas que previna e evite grandes incêndios no bioma.
Com informações do G1.