A agonia da fauna pantaneira, que perde suas vidas diariamente em rodovias, ficou escancarada
Por OECO
Michael Esquer
Mais de 10 mil colisões veiculares contra animais silvestres. Este foi o número registrado em estudo de pesquisadores do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (Icas) após a análise dos dados de três anos (2017-2020) de monitoramento em rodovias de Mato Grosso do Sul. Desse índice, 40% envolveu animais que poderiam causar danos materiais significativos – e igualmente perigosos – para seres humanos, como o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e a anta (Tapirus terrestris).
Para cobrar soluções e protestar contra a realidade que aflige a fauna do estado, organizações ambientalistas depositaram animais mortos na sede do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), em Campo Grande (MS), nesta segunda-feira (15). “É importante lembrar que estes acidentes ameaçam também a vida humana”, disse Luciana Leite, coordenadora geral da Chalana Esperança, organização que realizou a intervenção na sede da autarquia federal juntamente com o Instituto SOS Pantanal, Instituto LiBio e o movimento Fridays for Future Brazil.
“O Mato Grosso do Sul, por exemplo, entre abril de 2013 e novembro de 2018 registrou 470 atropelamentos de anta em 32 rodovias estaduais. Neste período, foram 55 pessoas feridas e 23 óbitos resultantes destas colisões com antas. Além do risco à vida e à integridade física dos motoristas, os acidentes também provocam prejuízos materiais”, completou Leite.
As carcaças utilizadas no protesto, contam as organizações, foram coletadas nos últimos meses na BR-262, também conhecida como “rodovia da morte” — justamente pelo alto índice de atropelamento de fauna. O ato dá início à campanha “Estradas Seguras Para Todos”, que procura chamar a atenção do poder público para a colisão entre veículos e animais silvestres nas estradas nacionais.
Segundo a coordenadora geral da Chalana Esperança, motoristas que cumprem suas obrigações legais e fiscais têm veículos danificados por conta da negligência e inação do poder público. “Esta falta de vontade política e investimento tem custado caro aos motoristas e à vida silvestre. E nós, na condição de cidadãos e biólogos da conservação, estamos cansados de pagar esta conta”, enfatizou Luciana.
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