Especialistas temem que este ano a situação será mais grave se continuar neste ritmo
Foto: Acervo/Carlos Pinto
Começamos a semana com uma notícia preocupante. O fogo volta a assolar a região do Pantanal, com registro de focos desde a última sexta-feira (17) em especial na região da Serra do Amolar, uma das principais áreas de conservação da região. A previsão para este ano parece ser ainda mais alarmante do que a do ano anterior se os focos seguirem aumentando, haja vista que somente nos três primeiros meses do ano já haviam sido confirmados mais de 974 focos de incêndios pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
A ameaça de fogo chegou a ser detectada no lado paraguaio, por meio dos sistemas de alerta da Guyra Paraguay, membro do Observatorio Pantanal no país vizinho. A organização registrou pelo menos 25 focos de calor da Reserva Estação dos Três Gigantes. Após um sobrevoo, foi constatado que não haviam fogos ativos na reserva, e que o fogo estava apenas na região do Pantanal Brasileiro.
Uma equipe coordenada pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), com apoio da Acaia Pantanal, subiu até a Serra do Amolar para ver de perto o cenário. Os focos foram identificados na região da Baía Vermelha, uma das unidades de conservação da Rede Amolar, distante 150 quilômetros da cidade de Corumbá (MS). Os brigadistas iniciaram o combate no último sábado (18) com ajuda de um helicóptero da Marinha, com sobrevoo no Parque Nacional do Pantanal Mato Grossense (PARNA).
O diretor de Relações Institucionais do IHP, Ângelo Rabelo, que está à frente da operação de combate na região, comentou que a situação está crítica. “São mais de 100 focos de fogo na região da Fazenda Santa Tereza e mais de 100 focos vindo da região do Parque Nacional”, afirmou. Segundo Rabelo, mais brigadistas foram deslocados na manhã desta segunda-feira (20) para ajudar no combate às chamas do outro lado da Baía Vermelha. No momento, aguardam a chegada de brigadistas de Cuiabá (MT) para ajudar no trabalho.
De acordo com especialistas, um dos motivos para tantos incêndios é o baixo volume de chuvas, que segundo a Embrapa Pantanal, de novembro a março, foi de 350mm, apenas 43% do esperado. O período, que era para ser chuvoso na região e deixar áreas alagadas, deu lugar a uma paisagem completamente seca, propícia à queimadas.
Para o diretor-presidente da Ecoa, André Luiz Siqueira, que vem realizando há muitos anos um trabalho de conscientização e apoio à comunidade pantaneira com a campanha #queimadamata, é preciso que todas as instituições se unam para evitar que a calamidade do ano passado se repita, causando não só prejuízos ambientais, mas também sociais e econômicos, em especial para as populações locais. “(…) No ano passado, muitas áreas com populações extrativistas foram perdidas, em um período de produção de frutos nativos. Muita queima também de polinizadores, de animais, problemas respiratórios em indíviduos das comunidades, enfim, impactos econômicos incalculáveis”, explicou.
Siqueira lembra que não só as populações ribeirinhas sofreram este impacto, mas também a população de Corumbá, que chegou a ficar quase um mês isolada por conta das queimadas nos cabos de fibra óptica de internet. “As queimadas causaram muitos impactos também à cidade, a todo funcionalismo público, empresários e sociedade em geral. Por isso, temos que nos unir para que esse fato dramático não se repita”, concluiu.
O Observatorio Pantanal é uma rede de organizações que trabalha em prol da conservação do bioma e cada organização está ajudando como pode, seja diretamente no combate aos incêndios, seja em campanhas de conscientização ou na divulgação de informações precisas e confiáveis sobre a situação dos incêndios da região.