Os dados de monitoramento mostram que os focos de incêndio no Pantanal foram menores neste ano se comparados com 2021 e 2020. Entretanto, os esforços de prevenção e combate para 2023 permanecem como nos anos anteriores e as pesquisas se intensificam. A atenção é das organizações da sociedade civil que atuam no território e integram o coletivo Observatorio Pantanal.
Neste ano, segundo os dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), detectados pelo satélite S-NPP-375, houve 1445 focos de calor no Pantanal brasileiro. Em 2021, foram 8258 focos e, em 2020, o satélite registrou 22.116 focos de incêndios, ficando registrado como o ano em que o bioma mais queimou, atingindo 37% do ecossistema.
Para o Instituto SOS Pantanal, o ano de 2022 foi bem-sucedido. “Apesar de ter iniciado com uma estiagem extrema, com valores de chuva abaixo da média, o presente ano teve poucos acionamentos para queimadas descontroladas e baixas taxas de área queimada”, explica Ananda Santa Rosa, coordenadora do Programa Brigadas Pantaneira do SOS Pantanal.
Depois do desastre de 2020, tanto o poder público como o privado e a sociedade civil organizada promoveram iniciativas para prevenir os incêndios e fazer o combate quando necessário. O número de brigadas privadas e comunitárias multiplicou no Pantanal, tanto em Mato Grosso quanto Mato Grosso do Sul, e na Bolívia e Paraguai também ocorreram treinamentos e criação de novas brigadas, principalmente nas unidades de conservação.
Ressaltamos a atuação das organizações-membros do Observatorio Pantanal no treinamento e formação das brigadas comunitárias. Desde 2021, já foram criadas mais de 40 brigadas de prevenção e combate aos incêndios no Pantanal. A organização Guyra Paraguay, em parceria com WWF-PY e Eco Pantanal, criaram, estruturaram e equiparam a Brigada de Combate e Prevenção de incêndios da comunidade de Bahía Negra.
José Luis Cartes Yegros, diretor executivo da Guyra Paraguay, relata que neste ano também foi possível realizar uma pequena experiência de queima controlada na unidade de conservação, localizada no Pantanal boliviano, o Parque Nacional Otuquis. Participaram da iniciativa os técnicos das organizações, brigadistas, guardas-parques e os bombeiros especializados da Bolívia. “A ideia é seguir trabalhando com prevenção e controle, aplicando a queima controlada no futuro”, finaliza.
No Pantanal boliviano não foi diferente. Com base nas informações geradas também pelo INPE, os incêndios tiveram menor proporção conforme mostra a figura abaixo. Para Nelson Flores, técnico da Nativa Bolívia, um dos fatores contribuíram com a menor ocorrência de incêndios está no trabalho de conscientização e prevenção de incêndios na Conservação da Grande Paisagem do Chaco Pantanal realizado por instituições da sociedade civil.
O SOS Pantanal, com o Programa Brigadas Pantaneiras, estruturou 24 brigadas e capacitou 150 brigadistas, que estão distribuídos em diversos pontos da planície e do planalto para combater incêndios. O programa, criado em 2021, consolidou-se neste ano como um sistema de monitoramento parceiro das brigadas comunitárias. Ananda conta que foram repassadas informações diariamente sobre a situação de fogo e meteorologia e como resposta, receberam dos líderes locais a situação in loco. “Isto ajudou a fortalecer as relações e contatos, bem como auxiliou a entender a dinâmica e risco de fogo dentro das comunidades”, enfatiza.
A coordenadora do Programa também informa que, mesmo com o menor número de incêndios, as ações do Programa continuam e serão ampliadas. “Para 2023, a previsão é fortalecer as brigadas existentes, continuar com atividades de capacitação, incidir com educação ambiental, auxiliar na elaboração dos Planos de Manejo Integrado do Fogo (PMIFs) e começar a construir etnomapeamentos das áreas para ajudar na organização estratégica do fogo”. Clique aqui e saiba mais sobre as Brigadas Pantaneiras.
Foto: Corpo de Bombeiros de MS