Há 15 dias o Pantanal está sendo consumido pelo fogo e as dificuldades de combate são imensas por conta dos ventos, alta temperatura e forte estiagem. Os incêndios florestais iniciaram no Mato Grosso, no Parque Estadual Encontro das Águas, mas nesta semana o Pantanal Sul também começou a queimar rapidamente e a previsão é que aumente o número de focos até sábado, dia 18. Devido a situação, os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul decretaram situação de emergência para os municípios pantaneiros.
Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), somente no dia 12 foram registrados 706 focos de calor, o maior índice diário. A somatória do mês é de 3024 focos, seis vezes mais que a média do mês.
O acumulado anual de área queimada no Pantanal já passou da marca de um milhão de hectares, segundo os dados do ALARMES (Alerta de Área Queimada com Monitoramento Estimado por Satélite) do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da UFRJ.
Todos juntos pelo Pantanal
As organizações-membros do Observatorio Pantanal e parceiros estão na linha de frente combatendo os incêndios, monitorando e auxiliando na mobilização e empréstimos de equipamentos para as equipes de combate.
Gustavo Figueirôa, coordenador da SOS Pantanal, relata que há muitos focos de calor e a preocupação é constante. “Não está nada controlado, tem vários focos dentro do Parque Estadual. Hoje estávamos combatendo focos dentro do Parque. Tem um incêndio gigante chegando na Transpantaneira, outro que saiu do Parque Nacional MT e está na borda do Paiaguás, no Pantanal Sul. Enfim, tem fogo em todo lugar”. A equipe da SOS Pantanal está em Mato Grosso apoiando nos combates e ajudando na divulgação das informações.
Ailton Lara, proprietário de pousada na região de Porto Jofre, está ajudando nos combates e conta que há várias pessoas trabalhando. Mas, infelizmente, não é o suficiente. “Nós conseguimos atingir apenas um local da região e tem focos de incêndio para todo lado. A gente acaba conduzindo uma ação e em outros lugares continua pegando fogo. É difícil, uma área muito grande, estamos tentando. Mas é complicado”, finaliza.
Na região da Serra do Amolar a Brigada Alto Pantanal, mantida pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), está em alerta. A preocupação é grande por conta do cenário em Mato Grosso, principalmente no Parque Nacional do Pantanal Matogrossense. A Brigada já fez um combate na baía do Taquaral e a situação está sendo acompanhada 24 horas pelo sistema Pantera, que usa inteligência artificial para identificar focos de fumaça em até 3 minutos após o aparecimento.
Mais uma vez a sociedade civil organizada, bombeiros, brigadistas do ICMBio e proprietários rurais trabalham juntos para impedir que o fogo se alastre e chegue até as comunidades. No combate deste ano, diferente de 2020, é a existência de várias brigadas estão treinadas e equipadas, assim como um contingente maior dos órgãos de combate. Porém, ainda é pouco frente às mudanças climáticas e eventos extremos que estão acontecendo diariamente no Brasil. A prevenção é a melhor opção para combater os incêndios florestais.
Gustavo Figueirôa e Ailton Lara corroboram que esta situação poderia ser evitada ou pelo menos minimizada. “Falta prevenção! Sabendo que o tempo está ficando mais quente e a temperatura mais elevada, a única maneira de evitar é ter um plano de prevenção para incêndios florestais no Pantanal, principalmente em áreas de conservação. Tem que se adaptar, porque esse é o novo normal”, alerta Lara.
Foto: Gustavo Figueirôa