Manifestantes protocolaram documento em defesa do Rio em órgãos públicos
Por Comitê Popular do Rio Paraguai/Pantanal
A celebração do Dia do Rio Paraguai/Pantanal começou com ato na cidade de Cáceres (MT), onde manifestantes abriram uma grande faixa no porto da cidade, afirmando a rejeição da população à implementação da Hidrovia Paraguai-Paraná e de novos portos no Rio Paraguai. Na manhã desta quinta-feira, dia 12, dezenas de barcos saíram em procissão, com a Nossa Senhora do Pantanal, em direção ao Centro da cidade. De lá, os manifestantes partiram em carreata, passando por diversos órgãos públicos, onde protocolaram o pedido de proteção do rio. Na Prefeitura de Cáceres, encontraram o prefeito Francis Maris, que hostilizou os manifestantes e se recusou a aceitar o documento.
A ação, realizada pelo Comitê Popular do Rio Paraguai/Pantanal, contou com o apoio de mais de 71 organizações e movimentos, denunciou a falta de diálogo e escuta da população local que buscam defender o bioma pantaneiro, ameaçado tanto pela seca dos rios, como também pela destruição causada pelas queimadas recorde deste ano. O documento das entidades foi entregue à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, à Marinha, ao Ministério Público Estadual e também será encaminhado ao governo federal.
O texto destaca que portos, como o de Paratudal e de Barranco Vermelho, estão passando por processo de licenciamento irregular, sem que sejam analisados os efeitos deles sobre o Rio Paraguai e sobre as suas comunidades, que enfrentam a maior seca de sua história. As organizações veem nesses empreendimentos um passo para a possível viabilização da hidrovia, o que significaria o colapso de todo o bioma.
Todos os órgãos abriram as portas para as entidades e movimentos, com exceção da Prefeitura de Cáceres. Ao chegarem à sede, os manifestantes encontraram o prefeito e tentaram entregar a ele o documento. Além de se recusar a falar com o povo, Maris reclamou da bandeira de tecido que os manifestantes portavam, representando a chata, o tipo de balsa que os portos e hidrovia querem utilizar no Rio Paraguai. De acordo com o prefeito, ao passar o tecido sobre seu carro, ele estaria sendo danificado. Por sorte dos manifestantes, a Polícia Militar chegou ao local e não constatou dano algum ou qualquer infração. Maris saiu da prefeitura contrariado, mantendo as acusações de que “o carro teria sido danificado pelo toque da bandeira”.
No sábado, dia 14, dia oficial do Rio Paraguai/Pantanal, ocorrerá uma live do Comitê Popular do Rio Paraguai/Pantanal, às 11 horas, no Facebook de Vanda Guarani Kaiowá, dando prosseguimento na celebração em defesa do rio.