Drone utilizado no projeto de restauração ambiental. Foto: Fundação Neotrópica do Brasil
Neste ano, o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado 5 de junho, completa 50 anos. A data foi criada em 1972, durante a Conferência de Estocolmo, com objetivo de sensibilizar e conscientizar a todos da importância de conservar os recursos naturais. Nesse meio século, houve uma perda importante da natureza no Brasil e no mundo. Em contrapartida, a produção de conhecimento técnico e científico, que visa a conservação ambiental, avançou consideravelmente com o acesso à tecnologia digital.
A tecnologia digital tem sido uma grande aliada no levantamento de dados e na produção de conhecimento. Nos últimos anos, essa evolução viabilizou o acesso para os diferentes segmentos da sociedade, sendo um deles o terceiro setor. Para as organizações da sociedade civil, a tecnologia permite fazer mais com menos, pois tem maior alcance, mais qualidade e mais agilidade.
“O uso da tecnologia, seja as que já existem ou as que estão em desenvolvimento, é de grande relevância hoje, pois permite coletar dados e gerar informações de forma rápida e eficiente. Ainda, permite difundir e chegar ao público em geral e aos tomadores de decisão”, pontua Daniel Villarroel, Subgerente de Projeto da Fundación Amigos de la Naturaleza (FAN-Bolívia).
Para o Observatorio Pantanal, coletivo formado por 43 instituições que estão localizados na Bolívia, Brasil e Paraguai, o aperfeiçoamento da tecnologia permitiu que a comunicação e o intercâmbio de informações entre os membros acontecessem com mais agilidade e qualidade.
O smartfone também está presente em várias ações das organizações que integram o Coletivo. O levantamento de dados realizado com a colaboração dos moradores das comunidades está cada vez mais preciso com a utilização de aplicativos específicos. Com a prática da Ciência Cidadã é possível acompanhar o uso dos recursos naturais pelas comunidades, identificar espécies e mapear os comportamentos e o monitorar ameaças nas unidades de conservação.
Outro benefício da tecnologia está na prevenção e no combate aos incêndios florestais. A FAN-Bolívia tem desenvolvido plataformas de monitoramento de incêndios e desmatamento com o objetivo de emitir alertas e ter relatórios em tempo real sobre essas ameaças à conservação do patrimônio natural. “Estamos convencidos de que as novas tecnologias andam de mãos dadas com a pesquisa técnico-científica que geramos”, ressalta Karina Sauma, Diretora de Comunicação da FAN. (Clique aqui para conhecer a plataforma de monitoramento).
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP), de Corumbá (MS), também realiza monitoramento no Pantanal e está implementando uma nova tecnologia na Serra do Amolar. O projeto Pantera consiste na instalação de cinco câmeras de 360° que irão cobrir cerca de 500 mil hectares e 300 km do rio Paraguai. De acordo com IHP, os focos de calor que demoravam de três a seis horas para serem detectados por meio de satélite, agora, serão vistos em apenas três minutos.
Em relação a conservação da fauna, a tecnologia também é uma grande aliada e tem-se mostrado eficiente no levantamento de informações, além de facilitar o trabalho no campo. “As armadilhas fotográficas que usamos para realizar monitoramento são todas digitais, o que nos permite ver as imagens na hora e se tiver algum problema, podemos fazer a substituição rapidamente”, comenta Arnaud Desbiez, pesquisador e diretor do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS).
O pesquisador também destaca a importância das imagens de satélite no monitoramento de algumas espécies. “Nós utilizamos as imagens de satélite, que são enviadas pelo colar rastreador GPS colocados nos tamanduás-bandeiras e recebemos a localização exata deles por e-mail. Isso é extremamente importante para animais que dispersam, nós usamos essa tecnologia a menos de 10 anos. O progresso da tecnologia para nós chega devagar, mas ela é extremamente importante e nos beneficia muito”, finaliza.