O objetivo é compartilhar informações e pensar estratégias mais eficazes para a conservação do Pantanal
Nesta quarta-feira (29), aconteceu o primeiro “Café y Charla do Observatorio Pantanal – Un espacio de Conexión”, bate-papo virtual pela plataforma Zoom que reuniu 28 membros da Rede para tratar de temas importantes neste momento para a região. A reunião foi dividida em temas para o debate, entre eles: Modos de Vida (Mupan), Cenários sócio-econômicos (Gaia), Incêndios florestais no Pantanal (Guyra Paraguay), Impactos do COVID no trabalho (SBDA/WWF-Bolívia), finalizando com um espaço de diálogo e reflexão entre os participantes.
Cada membro explicou brevemente como sua organização está trabalhando frente à situação de pandemia, motivo pelo qual os projetos, inevitavelmente, sofreram algum tipo de alteração ou pausa. Entre as preocupações, duas foram apontadas como as mais urgentes pelos membros: os eventos climáticos intensos como os incêndios no Pantanal e os impactos sofridos pelas populações tradicionais por conta do fogo e da própria pandemia que também assola a região. Ribeirinhos e, em especial, indígenas que por estarem mais isolados, geralmente sofrem mais com as consequências destes eventos. “É impossível falar de conservação sem envolver os povos tradicionais”, comentou Liliam Ribeiro, da Mupan.
Para este ano, a previsão de incêndios não é nada otimista, já que o Pantanal enfrenta a maior seca dos últimos 30 anos. O período que era para ser chuvoso, apresenta índices de chuva muito abaixo da média, o que colabora com o aumento dos focos, que somente no primeiro trimestre deste ano chegou a 1.031 ocorrências. “Para evitar que não se repitam os eventos graves dos incêndios do ano passado, estamos somando esforços, monitorando e antevendo possíveis focos, além de conscientizar a população, porque o fogo na nossa região continua sendo algo cultural “, explicou Carol Alvarez, Guarda Reserva da Guyra Paraguay.
Além da urgência de que cheguem até as populações mais vulneráveis os recursos que precisam neste momento, o desafio informá-los de forma criativa e eficaz de que é salutar conservar o meio ambiente em que vivem. O rio Paraguai é um meio de sobrevivência para os moradores do Pantanal, sendo assim, é preciso cuidar da vegetação de seu entorno, e evitar as queimas. Mário Cerezero, da SBDA Bolívia, comenta um pouco da realidade que estes povos estão vivendo na Bolívia, mas que também se aplica no Brasil e Paraguai: “A situação é crítica pois estão sendo priorizados recursos econômicos para a pandemia, mas deixando de lado outras necessidades básicas das populações tradicionais do Pantanal, como comida por exemplo”, explicou Cerezero.
O encontro foi tão proveitoso que durou mais que o esperado, e em breve, deve acontecer o segundo “Café y Charla”, para o aprofundamento das discussões e implementação de novas frentes de trabalho que se façam necessárias para juntos encararmos os novos desafios pós-pandemia. O próximo bate-papo deve ser aberto a não-membros da Rede. O Observatorio Pantanal agradece a todos os participantes a presença no bate-papo virtual.