Recentemente foi divulgado um dado alarmante: mais de dois milhões de animais de médio e grande porte são atropelados nas rodovias do Brasil por ano. E entre as principais vítimas estão o cachorro-do-mato, o tamanduá-mirim, o tatu, o tamanduá-bandeira e a capivara. Os dados, resultantes de uma pesquisa de pós-doutorado do ecólogo Alex Bager, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mostram a que ponto chegamos.
Infelizmente, é cena comum se deparar com animais mortos nas estradas brasileiras. Em especial, na BR-262, na região do Pantanal, os motoristas sempre encontram espécies como tamanduá, por exemplo, mortos nessas circunstâncias.
Uma pesquisa divulgada em novembro de 2018, feita pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP) revelou que pelo menos seis animais silvestres morrem diariamente nesta rodovia, também conhecida como “rodovia da morte”, já que é uma das mais perigosas do país, devido ao tráfego intenso e por ser a que apresenta mais atropelamentos de animais no Brasil. No mesmo ano, pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) estimaram que, entre reportados e não reportados, o número de animais atropelados ultrapassaria nesta rodovia mais de 3 mil por ano.
Na semana passada, no dia 27 de fevereiro, pós-carnaval, uma onça-pintada, macho, de 140 quilos foi encontrada na região de Miranda (MS). A Polícia Militar Ambiental (PMA) havia sido avisada por um motorista de ônibus de que uma onça estava caída na BR-262 e ao chegar ao local indicado, viu que o animal estava morto e apresentava sinais de que o atropelamento havia sido recente. Ontem (03), nossa equipe registrou a morte de um tamanduá-mirim, também na rodovia BR-262. Desta vez, o trecho foi entre as cidades de Miranda (MS) e Corumbá (MS).
Para o ecólogo Bager, autor da pesquisa de doutorado, é salutar que os governos federal e estaduais discutam as questões ambientais durante o planejamento das estradas, o que infelizmente não é feito. Medidas devem ser implantadas em vias dentro ou próximas a unidades de conservação para que esse número diminua. “Enquanto isso, continuaremos vendo animais mortos nas rodovias de todo o país”, lamenta.