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Escolas das Águas são extensões das tradições e rotinas pantaneiras

André_siqueira_Ecoa_Escola Barra do São Lourenço

Você sabia que as escolas localizadas no Pantanal, maior área alagada continental do mundo, possuem características específicas que diferem das demais escolas urbanas e rurais? Neste texto vamos nos restringir a apresentar as escolas pantaneiras que estão localizadas no município de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, principalmente, aquelas denominadas como Escolas das Águas.

As Escolas das Águas, denominada oficialmente como Escola Municipal Rural Polo Porto Esperança e Extensões (E.M.R.P Porto Esperança), atende mais de 350 alunos, entre filhos de peões, aposentados, pensionistas, professores, pescadores profissionais, piloteiros, militares, ribeirinhos e outros. Devido à dificuldade de acesso, muitos dos alunos são atendidos em regime de internato ou semi-internato, retornando para casa de seus familiares no final de cada bimestre e lá permanecendo por uma semana ou uma quinzena.

No período das cheias, as águas podem piorar esse acesso e dificultar a frequência dos alunos à escola. Algumas extensões chegam a ficar inundadas, podendo comprometer a estrutura física. Para garantir a segurança dos alunos e professores, as aulas são paralisadas nesse período. A flexibilidade adotada nas datas, períodos e horários de aulas se estendem também ao currículo, que pode ser adaptado, considerando as peculiaridades locais, inclusive às relativas ao clima.

Com exceção para as Extensões Jatobazinho e Santa Mônica, pois a gestão difere das demais, por ser público privada. A parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e os proprietários rurais resultou em uma escola com melhor infraestrutura, maior número de funcionários e alunos, consequentemente sofrem menos interferências externas.

O fato de tais escolas estarem localizadas em regiões isoladas, repletas de belas paisagens naturais do Pantanal Sul-mato-grossense, com flora e fauna nativas altamente diversificadas, propicia muitas oportunidades de aprendizado, em estudos do meio e observações diretas.

Professora desenvolve projeto para valorizar a cultura local e envolver as famílias no dia a dia escolar. Foto: Arquivo Ecoa.

Outra característica singular é que as Escolas das Águas costumam ser o primeiro espaço institucional de ensino conhecido pelos alunos e, às vezes, o único. Assim, a casa e a escola constituem o principal espaço de convivência para as crianças e as brincadeiras desenvolvidas estão profundamente relacionadas com as atividades desenvolvidas pelos adultos, especialmente por seus pais.

Mesmo sendo um local conhecido como um paraíso natural, lecionar nas Escolas das Águas do Pantanal não é tarefa fácil, há os ciclos de cheias e secas, as mudanças climáticas, dificuldades de comunicação, deslocamento entre outros.

Por esses motivos o regime de trabalho dos Professores das Águas é diferenciado dos demais profissionais da zona urbana. Eles residem nas extensões escolares durante o período das aulas e retornam para suas casas, em Corumbá, ao final de cada bimestre e permanecem na cidade por 7 ou 15 dias.

Rosely Castro, professora das Águas há 7 anos, conta que gosta de trabalhar no Pantanal. “Eu gosto das crianças, da riqueza cultural das comunidades, amo o Pantanal. Já tive oportunidade de ficar na cidade, mas ouvi relatos de colegas sobre a realidade escolar e aí desisti”.

Para ser professor no Pantanal é preciso muito mais do que uma formação pedagógica. É preciso renunciar a alguns confortos que somente a cidade oferece; estar preparado para conhecer, respeitar e aprender a viver em uma realidade diferente. Ou seja, é uma experiência única, mas não para todos!

Fotos: Arquivo Ecoa

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