Em um estudo concluído recentemente, o doutorando Shimeles Fisseha Woldemichael, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAGCA) da USP, comprova um artigo publicado em 1999 pela professora Naomi Ussami, também da Universidade de São Paulo, que relaciona a formação do Pantanal matogrossense com a da Cordilheira dos Andes.
A região do Pantanal está rodeada por cadeias montanhosas de formação antiga, como a Serra da Bodoquena, ao Sul, e a Chapada dos Guimarães, ao Norte. Alguns indícios apontados por Ussami provam que, assim como as serras que a rodeiam, a região do Pantanal também tem sua origem geológica a partir de grandes montanhas formadas numa antiga colisão entre duas placas tectônicas.
O mais comum seria imaginar que os grandes soerguimentos teriam desaparecido por processos erosivos, mas isso cai logo em descrédito quando se sabe que sob a superfície há uma camada de 500 metros formada por sedimentos – camada grande demais para ter surgido do desgaste das antigas formações.
Em estudo iniciado em 1988, Ussami concluiu que a vasta planície alagada do Pantanal é resultado não de erosão, mas sim do soerguimento da placa tectônica onde está o Brasil. Essa placa está se curvando em direção ao centro da Terra e mergulhando no magma quente, processo conhecido por subducção, exatamente sob a região dos Andes.
O peso da Cordilheira exerce uma enorme pressão sobre a borda da placa, e causa uma deformação muito parecida com o que aconteceria se dobrássemos com a mão um pedaço de borracha. Enquanto uma extremidade aponta para baixo, forma-se uma pequena elevação na parte imediatamente anterior. É justamente nessa elevação da placa, chamada de ombreira, que está localizado o Pantanal.
Segundo os levantamentos da pesquisadora, o processo que levou à formação da planície alagada está relacionado à colisão de duas antigas placas, ocorrida na região há 500 milhões de anos, que deu origem inicialmente à Faixa Paraguai, uma cadeia montanhosa muito parecida com o que hoje são os Andes.