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Desde 2019 organização faz alerta sobre os riscos de incêndios no Pantanal

A atual estação chuvosa teve o menor índice de precipitação em 10 anos e esse é o terceiro ano consecutivo de uma seca pluviométrica na Bacia do Alto Paraguai (BAP), segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A estiagem prolongada afeta a dinâmica de inundação anual do rio Paraguai, o principal leito do bioma pantaneiro, e consequentemente interfere nos processos ecológicos do Pantanal e dos sistemas que estão conectados ao bioma.

Esse cenário de estiagem e os riscos de incêndios no Pantanal fazem parte da agenda de trabalho do Programa Corredor Azul da Wetlands International Brasil, executado pela Mupan (Mulheres em Ação pelo Pantanal), ambas as organizações integram o coletivo Observatorio Pantanal. Em outubro de 2019, a organização publicou uma carta com recomendações para evitar grandes perdas de biodiversidade decorrentes do fogo na região do Pantanal, chamando à ação contra uma catástrofe anunciada.

Entretanto, os avisos não foram atendidos e no início dos incêndios de 2020 a Wetlands International, a Mupan, o Centro de Pesquisa Pantanal (CPP) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INAU) elaboraram outro documento de posicionamento acerca dos incêndios no Pantanal. O documento fez uma contextualização técnica sobre a estiagem dos últimos anos no Pantanal, apresentou medidas urgentes para reduzir os incêndios que estavam acontecendo e listou várias recomendações para que não ocorra novamente essa catástrofe ambiental.

“Nós vemos com muita preocupação a incidência do fogo ao longo dos últimos anos no Pantanal. Estudos mostram que esse ano o bioma estará mais seco, e com isso nossa preocupação aumenta, pois o que ocorreu em 2019 e 2020 podem se repetir ou até mesmo se intensificar”, alerta Rafaela Nicola, diretora executiva da Wetlands International Brasil.

Uma das ações de prevenção a incêndios da organização foi apoiar brigadas que atuam no Pantanal, por meio de doação de equipamentos e capacitações. As iniciativas desenvolvidas pelo Programa Corredor Azul buscam envolver os diferentes atores que estão na BAP, como governos, pesquisadores, setor privado, organizações não governamentais e a população residente, com especial atenção às comunidades indígenas e tradicionais.

Um dos canais de interlocução do Corredor é o Observatório Pantanal. Enquanto facilitador do coletivo, a organização coordenou a elaboração do mapa das Brigadas Pantaneiras que identifica e qualifica as brigadas que atuam na região. “O mapa auxiliará tomadores de decisões a enxergar os vazios não ocupados pelas brigadas, com isso facilitará o planejamento na criação de novas brigadas e na prevenção dessas áreas de riscos”, destaca Rafaela.

Outra iniciativa que corrobora com a prevenção e combate a incêndios florestais é a parceria realizada com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro). “Estamos felizes em poder somar esforços para a iniciativa promovida pelo LASA para a plataforma ALARMES. A ferramenta visa informar rapidamente áreas queimadas se diferenciando de alarmes de focos de calor, facilitando no gerenciamento, planejamento e tomadas de decisões”, explica Rafaela.

Além do Pantanal, as ações do Programa Corredor Azul também abrangem mais duas áreas úmidas, os Esteros de Iberá e o Delta do Paraná, na Argentina. As três áreas úmidas formam o Sistema Paraná-Paraguai, um dos últimos exemplos do mundo de um grande sistema de rios, 3.400 km, de fluxo livre e contínuo. O Programa foi idealizado com objetivo de manter a saúde dos ecossistemas e conectar as pessoas, a natureza e as economias desse sistema de áreas úmidas.

Saiba mais sobre o Programa Corredor Azul e as iniciativas desenvolvidas no link

Foto: André Zumak

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