Apesar da boa notícia, especialistas alertam que o pior pode estar por vir
Todos presenciamos as cenas lastimáveis nos últimos meses por conta dos incêndios no Pantanal. Muita destruição – vegetação, animais, com fogo chegando até às comunidades tradicionais. No total, 29% do bioma foi queimado, mais de 4 milhões de hectares, deixando marcas sem precedentes. Mas a resiliência da natureza impressiona e um relatório do Instituto Arara Azul, membro do Observatorio Pantanal, recém-lançado comprova exatamente a força da natureza.
Um mês após os incêndios que atingiram 92% da fazenda São Francisco do Perigara, em Mato Grosso, um dos locais mais importantes para a conservação da espécie, a bióloga Neiva Guedes e a equipe do Instituto, retornaram para monitorar os impactos do fogo. Apesar do susto que levaram no primeiro dia de visita, pois encontraram indivíduos em pequenos bandos (68 ao invés de 600 que haviam sido encontrados antes), foi no terceiro dia que veio a satisfação, quando em uma baia encontraram cerca de 532 araras!
No relatório, é possível ver o saldo positivo, com a contagem de 736 indivíduos na fazenda, apenas 14 a menos se comparado ao mesmo período de 2019. Esse é um indício de que as araras-azuis ainda estão na propriedade, embora não estejam utilizando o dormitório tradicional na sede. Além disso, foram encontrados vários exemplares de aves e mamíferos (inclusive anta, queixadas e onças-pintadas).
Apesar da boa notícia, especialistas alertam que o pior pode estar por vir, já que com os incêndios, a vegetação no entorno da fazenda foi muito afetada, em especial as palmeiras acuri e bocaiúva, principal fonte de alimento para as araras-azuis. Estes alimentos podem demorar mais de um ano para produzirem novos cachos, o que pode dificultar a sobrevivência da espécie. As araras-azuis terão um período desafiador pela frente, mas certamente, uma rede de apoio como o Instituto Arara Azul fará de tudo para minimizar os impactos para estes animais.
O Instituto Arara Azul é uma das 40 organizações sócio-ambientais que compõem o Observatorio Pantanal e trabalha há mais de 30 anos para a conservação da espécie. Para acessar o relatório completo, clique aqui. Saiba mais no site do Instituto Arara Azul.