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Pantanal bate recorde histórico de queimadas em 22 anos

Entre janeiro e julho de 2020, foram registrados no bioma de Mato Grosso do Sul, cerca de 3.179 focos, superando o ano de 1998, segundo o Inpe

A atenção se volta novamente para o Pantanal e as notícias não são positivas. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi registrada no Pantanal do Mato Grosso do Sul a maior quantidade de focos de incêndios desde 1998 – 3.179 focos entre janeiro e julho deste ano. Uma imagem de satélite identificou que, em apenas dois dias, aproximadamente 7 mil hectares foram consumidos nessa região, sendo alguns deles de origem criminosa e outros causados por fatores climáticos.

Imagem de satélite mostra áreas queimadas no Pantanal, nos lados brasileiro, paraguaio e boliviano – situação do dia 19 de julho. Créditos: FAN-Bolívia

Mas os incêndios não estão somente no lado brasileiro. Os vizinhos – Paraguai e Bolívia também estão sofrendo com o fogo, que ultrapassa a região de fronteira com o Brasil. De acordo com o diretor de Mudanças Climáticas e Políticas, do WWF Paraguay, Oscar Ignácio Rodas, no momento existem muitos focos de incêndio, que se estendem para além do Pantanal, chegando até a parte mais ao sul, conhecida como Chaco Úmido, próximo às cidades de Concepción e Fuerte Olimpo. Essas áreas, assim como o Pantanal, estão bastante secas e os pastos sem água.

O fato se repete na Bolívia, que também está trabalhando incansavelmente para identificar os focos rapidamente e combatê-los. Neste mês, a área queimada no Pantanal da Bolívia ultrapassou os 5 mil hectares. Para o gerente de projetos de manejo ao fogo da Fundação Amigos da Natureza (FAN), Carlos Pinto, além da dificuldade de acesso em muitas áreas, há também a necessidade de limitar o número de pessoas na linha de frente, por conta da pandemia. “Temos cerca de 20 pessoas trabalhando no combate aos focos. No entanto, há outro risco a ser considerado se utilizamos um contingente maior de brigadistas, que é o perigo do contágio do Covid-19, tanto entre a equipe, quanto entre eles e a população das comunidades próximas”, explicou.

Brigadistas trabalham incessantemente no combate aos incêndios. Arquivo: Rafael de Castro Bento/WWF-Brasil

No lado brasileiro, além da região da Serra do Amolar, que tem apresentado nos últimos meses vários focos de incêndio em áreas de difícil acesso, também a zona urbana, como a cidade de Corumbá (MS), na divisa com a Bolívia, sofre com a fumaça dos incêndios.

A região de Corumbá (Serra do Amolar) e Poconé (MT) também estão sendo castigadas pelos incêndios. Créditos: IHP

Ao que tudo indica, o segundo semestre pode ser ainda mais crítico com a temporada da seca. Por isso, os trabalhos de prevenção e, não só de combate ao fogo, são importantes. Neste sentido, o Observatorio Pantanal, que reúne atualmente cerca de 37 instituições-membros, nos três países, está organizando uma campanha de prevenção e combate aos incêndios no Pantanal. “Apoiaremos de duas formas: conscientizando a população dos perigos desta prática e fomentando a criação de brigadas comunitárias no Pantanal através de mapeamento de atores e doação de equipamentos de combate ao fogo”, explicou Paula Isla, analista de conservação do WWF-Brasil, membro Observatorio Pantanal.

Em relação à campanha de conscientização dos incêndios, o Observatorio Pantanal está preparando spots de rádio que serão veiculados nas principais emissoras, tanto do lado brasileiro, quanto paraguaio e boliviano, além de um vídeo que visa informar à população urbana sobre a situação das queimadas em áreas protegidas e regiões distantes das cidades.

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