De acordo com a publicação do WWF-Brasil, é preciso avaliar os impactos ambientais dos projetos hidrelétricos
Foto: Divulgação/ Ministério Público Federal do MS
Muito tem sido discutido sobre a possível instalação de cerca de 125 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) em estudo na região do Pantanal e bacia do Alto Araguaia – um ecossistema extremamente sensível a alterações hídricas. Desde o vencimento da resolução Nº 64/2018 da Agência Nacional de Águas (ANA), em 31 de maio de 2020, novos barramentos para a produção de energia elétrica estão liberados na Bacia Hidrográfica do Paraguai sem a conclusão dos estudos de impactos previamente contratados.
Especialistas têm afirmado que o desenvolvimento de novos projetos hidrelétricos levanta uma série de preocupações com relação aos possíveis impactos socioeconômicos, alteração do regime hidrológico e o comprometimento da qualidade das águas. Por isso, justificam que é necessário o estudo de outras alternativas renováveis.
Para se ter uma ideia da dimensão do fato, vamos a uma comparação. Se cada novo empreendimento utilizar o limite máximo de área de reservatório permitida por lei (13 km²), a área inundada e transformada em reservatório seria de 1.625 km² ou a cerca de 228 mil campos de futebol iguais ao do Maracanã. Um impacto sem precedentes.
Mas de acordo com um novo estudo do WWF-Brasil, nada disso é necessário para gerar energia na região. O relatório “Alternativas Energéticas Renováveis da Bacia do Alto Paraguai (BAP)” mostra que a mesma quantidade de energia projetada para essa 125 PCHs – 1,172 MW – pode ser produzida com fontes renováveis que aproveitam recursos disponíveis na região, tais como biomassa de cana-de-açúcar, dejetos animais, resíduos sólidos urbanos, particularmente das duas principais cidades da região (Cuiabá e Campo Grande), além da energia dos efluentes líquidos (esgoto) e a energia solar.
Além de evitar os impactos ambientais que podem comprometer o equilíbrio da região e afetar atividades econômicas importantes, como turismo e pesca, as energias renováveis são grandes geradoras de empregos perenes (contrariamente às hidrelétricas, que geram muitos empregos apenas no período de construção). Outra vantagem de se apostar na geração renovável, com diversas fontes, é a maior rapidez de implantação, que reduz o prazo de retorno do investimento.
De acordo com Alessandra Mathias, analista de conservação do WWF-Brasil, “não se trata de banir as PCHs, mas de não apostar todas as fichas numa única forma de geração de energia”. Segundo Mathias, existem várias vantagens de se apostar na geração renovável, com diversas fontes, entre elas a maior rapidez de implantação, que reduz o prazo de retorno do investimento. “A combinação de várias fontes reduz a vulnerabilidade às crescentes oscilações no regime das chuvas, diminui os impactos ambientais, fortalece a atividade agropecuária, que pode tornar resíduos da cana e da pecuária em mais fonte de renda, e gera empregos permanentes”, detalha.
Mais informações podem ser obtidas aqui.
O estudo completo está disponível no link.