Via BBC-Brasil
Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, em números absolutos, os incêndios em todo o bioma Pantanal saltaram de 1.147 entre agosto e outubro de 2018 para 6.958 nos três meses deste ano.
Outubro foi o mês que teve o maior aumento de focos, indo de 119 no ano passado para 2.430, o que representa um crescimento de 1.942%. Depois vem agosto, que passou de 243 para 1.641 (575%), e setembro, que foi de 785 para 2.887 (368%).
O fogo coloca em risco a vida de muitos animais da rica biodiversidade pantaneira, assim como a vegetação. É fácil encontrar animais mortos depois que o fogo se apaga, como cobras, lagartos e jacarés, estes principalmente por causa da seca.
“Ainda não há estimativa de quantas árvores e bichos foram queimados”, diz Carine. “Também é difícil dizer em quanto tempo a área vai se recuperar. Depende de até quando os incêndios vão durar, do que for destruído.” O governo do Estado ainda não tem um levantamento da situação.
O engenheiro florestal e especialista em restauração ambiental, Júlio Sampaio, gerente dos programas Cerrado e Pantanal, do WWF-Brasil, diz que, embora ainda não tenha sido feito um levantamento preciso do impacto dos incêndios na vida selvagem, ele foi intenso.
“Há vários relatos de animais incinerados ou asfixiados pela fumaça”, explica. “Os que se locomovem mais lentamente, como os de pequeno porte e os répteis são os que sofrem mais com as queimadas”, acrescenta.
De acordo com Sampaio, diferentemente de algumas plantas, que têm adaptações genéticas para sobreviver ao fogo, entre os animais elas não existem.
“Não há espécie da fauna brasileira que esteja adaptada para conviver com incêndios”, diz ele. “Isso faz com que o impacto (dos incêndios) seja muito maior para os animais do que para os vegetais. Mas não há estudos sobre isso, então é muito difícil estimar quantos bichos foram mortos.”
Ele alerta, no entanto, que o fogo aumenta ainda mais o risco de algumas espécies ameaçadas de extinção desaparecerem, como o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) e lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e algumas aves, como a arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus).