Organizações da sociedade civil do Brasil, Paraguai e da Bolívia reuniram-se durante três dias em Campo Grande (MS) para debater a atual conjuntura política e discutir ações conjuntas em defesa do Pantanal.
O encontro se deu na Oficina de Planejamento do Observatório do Pantanal, rede internacional com 33 entidades e que tem como missão ser um espaço de geração, difusão e aplicação do conhecimento tradicional e da informação científica sobre a maior área úmida continental do planeta.
Na ocasião, foram definidas a missão e a visão do Observatório do Pantanal, os objetivos e as metas para os próximos cinco anos de trabalho e um plano de ação para os próximos dois anos. Também foram definidos e designados papéis de atuação.
Os debates envolveram também temas urgentes, como o caso dos incêndios na região do Pantanal, suas principais ameaças, diferentes cenários futuros e o impacto das obras de infraestrutura para os rios do bioma. Mais de 40 participantes estiveram presentes nos dias 27, 28 e 29 de agosto.
A expectativa é que, a partir de agora, as organizações trabalhem com ações mais coordenadas e propositivas para o desenvolvimento sustentável do Pantanal. As instituições organizadoras do evento, WWF-Brasil e Mupan/Wetlands manifestaram otimismo.
Júlio Cesar Sampaio, coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, avaliou ter sido alcançado o objetivo de consolidar a interação entre as organizações que atuam no Pantanal nos três países. “Além de compartilharmos um ambiente comum, que não se restringe às fronteiras políticas, temos também a oportunidade de coordenar os esforços de atuação na região”, disse.
Já a diretora geral da Mupan (Mulheres em Ação no Pantanal), Áurea da Silva Garcia, descreveu o ambiente do observatório como um “espaço de aprendizagem”. “Funciona como um espaço de inter-relação e interação para se discutir um planejamento estratégico. Tivemos essas orientações discutindo temas de interesse e também as ameaças”, relatou.
O compromisso das instituições com a iniciativa foi, na visão de Victor Hugo Magallanes (WWF Bolívia) outro ponto a ser destacado. “Foi um excelente espaço onde realmente se pôde notar o compromisso das pessoas que representam as instituições. Até porque foi uma temática densa e com muita informação. Estivemos muito concentrados parar alinhar planos de trabalho, compartilhar informações e encarar os desafios do Pantanal de maneira articulada”.
Mario Cerezo, da SBDA (Sociedade Boliviana de Direito Ambiental), destacou o aspecto sinérgico da reunião de entidades. “Quando as entidades se unem para consolidar uma agenda comum em conservação, os impactos positivos são sinérgicos e a incidência em políticas públicas sustentáveis é maior”.
Alicia Pedrozo, do WWF Paraguai, destacou o encontro como uma possibilidade de cooperação e trabalho conjunto entre as organizações dos três países que trabalham no Pantanal. “As jornadas de trabalho reflexam o interesse e o compromisso que as organizações tem com a iniciativa de maneira a contribuir com a conservação e ao desenvolvimento sustentável do Pantanal”.
Coordenador do programa de Direitos Socioambientais no Instituto Centro de Vida (ICV), João Andrade lembrou que articulações em rede semelhantes tiveram resultados positivos no passado, como a Coalizão Rios Vivos, que articulou e concentrou forças contra o projeto da hidrovia Paraguai-Paraná na década de 1990.
“O evento foi muito importante em razão desse cenário crítico que vivemos na área ambiental. E, especificamente em relação ao ICV, marca também uma reaproximação com os temas do Pantanal, uma vez que nos últimos anos estivemos focados na região amazônica”, avaliou.
Tatiana Galluppi-Selich, da Associação Guyra (Paraguai), qualificou o evento como “enriquecedor” e o descreveu como uma “oportunidade de intercâmbio”. “Todos os participantes trabalharam ativamente e demonstraram interesse pela conservação do bioma”, afirmou.